segunda-feira, 12 de março de 2012

Impunidade é regra em assassinatos de mulheres


CRIMES SEM CASTIGO EM SÃO LUÍS
Quatro homicídios de grande repercussão – ocorridos na capital maranhense entre 2009 e 2011 – ainda não tiveram seus autores julgados; dois matadores continuam foragidos
POR OSWALDO VIVIANI
Os quatro casos de assassinatos de mulheres que mais repercutiram, ocorridos em São Luís entre 2009 e 2011, continuam sem punição. Os homicídios foram todos elucidados – com a polícia chegando rapidamente aos autores e à motivação. A punição, no entanto, demora a chegar.
Em dois dos casos, os autores continuam foragidos. Fernando Antônio Pereira é um deles. Ele matou a facadas, na noite de 8 de setembro de 2009, sua ex-mulher, a professora Maria de Jesus Araújo Silva, então com 36 anos. Maria de Jesus foi morta na porta de sua casa, na Rua 3, quadra 6, Planalto Anil 4. O motivo do crime teria sido o ganho, por parte da professora, do direito de ficar com a guarda da filha do casal, de 5 anos.
A menina foi levada pelo assassino, em sua fuga, e deixada na casa dos avós paternos. Passados mais de dois anos e meio do crime, a polícia não tem nenhuma pista do paradeiro de Fernando Antônio. O inquérito foi feito pelo 6º Distrito Policial (Cohab).
Da mesma forma, segue foragido Edijane da Mota, hoje com 42 anos. Também a facadas – 11 no total –, ele matou sua mulher, a comerciante Raimunda de Assis Conceição, então com 42 anos, na tarde do dia 14 de março de 2011 – cerca de uma semana depois do Dia Internacional da Mulher. O homicídio aconteceu na calçada da casa onde o casal morava com os dois filhos, na Rua 203, Unidade 203, Cidade Operária. Edijane – que trabalhava fazendo lotação de São Luís para Barreirinhas – atacou Raimunda após uma discussão, motivada pelo ciúme doentio da parte do assassino em relação à mulher. Mais de um ano depois do crime – e apesar das várias informações que chegaram ao Disque-Denúncia do Maranhão (3223-5800, São Luís; e 0300-313-5800, interior) e foram repassadas ao 16º DP (Cidade Operária), onde foi feito o inquérito –, o acusado ainda não foi capturado.
Também por ciúmes, o soldado PM Daniel Alves Sena, 30 – irmão do vereador José Raimundo Alves Sena, o 'Nato' (PRP) – matou a mulher, Valéria Pereira Sampaio, 25, com um tiro de pistola ponto 40 na cabeça. O assassinato ocorreu na noite de 2 de julho de 2011, no quarto da residência do casal, situada na Rua São Francisco, no Coroadinho. Três dias depois, o soldado – que era lotado na Companhia de Turismo Independente – se apresentou à polícia e afirmou, em depoimento ao delegado Jeffrey de Paula Furtado (Homicídios), que o disparo foi acidental. Ele responde em liberdade aos inquéritos abertos nas polícias Civil e Militar.
Audiência – Amanhã (12), pela manhã, acontece a última audiência do julgamento de Edinaldo Diniz Lindoso, o 'Pezão', 30 anos, acusado pelo assassinato da operadora de telemarketing Maura Costa Rodrigues, 27, ocorrido no dia 23 de fevereiro de 2010, no Cohatrac.
Maura foi atingida por dois tiros na cabeça. O cabo reformado do Corpo de Bombeiros, José Fábio Mendes Sousa, 29 – ex-namorado de Maura –, foi o mandante confesso do homicídio. Ele não se conformava com o fim do relacionamento com a operadora, que durou cinco anos.
'Pezão' foi preso no dia do crime, após ser capturado por populares, e revelou, em depoimento no 13º DP (Cohatrac), que José Fábio tinha planejado a ação toda para que parecesse um assalto, com o roubo da bolsa e do celular da vítima. O mandante teria pago R$ 2 mil ao 'assaltante'. Seis dias depois do crime, José Fábio se apresentou na Superintendência de Polícia Civil da Capital (SPCC) e, depois do depoimento, foi recolhido ao Quartel do Corpo de Bombeiros, na área Itaqui-Bacanga, onde permanece preso à disposição da Justiça.
O assassinato de Maura chocou os moradores do Cohatrac, que já realizaram duas passeatas pelas ruas do bairro pedindo Justiça no caso. A mais recente ocorreu na quinta-feira (8), Dia Internacional da Mulher.
(Colaborou Jonny Figueiredo)

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