quarta-feira, 6 de março de 2013

Negociatas de Weverton Rocha beneficiaram Flávio Dino


Com a direção estadual do partido escolhida a dedo pelos senhores Lupi e Manoel Dias, num ato de violência, autoritarismo e desrespeito, após um período inédito de 65 dias na informalidade, assistimos, desde fevereiro de 2012, o partido transformado numa legenda para negociatas e, também, submissa a outros interesses e projetos de poder. Não me resignei àquele ato, solicitei a minha retirada da atual Comissão Provisória Estadual, o que fizeram em maio de 2012. Faltou, aos dois donos do PDT nacional, atender ao nosso pedido de avaliação da decisão deles por todos os membros da Executiva Nacional (conforme amparo legal do nosso estatuto) para, se necessário, recorrermos ao Diretório Nacional – última instância partidária, que teve a sua última e rara reunião em janeiro passado. Infelizmente, tocam o partido, de acordo com essas práticas e vão levando a todos com papos e barrigas nos encontros estaduais de supostos “planejamentos e gestões estratégicas”. Para essa gente, o importante é tocar o “partido-empresa”, ter um número mínimo de deputados federais para garantir o Fundo Partidário e o controle cartorial.
Com relação ao que acontece com o PDT do Maranhão hoje, devemos dizer que tudo isto decorre de um acerto ocorrido em Brasília, em 2011, conforme declarações à imprensa de um de seus principais beneficiários – Flávio Dino. Tudo seguiu o “script” traçado pelos ilustres gestores nacionais (Lupi e Manoel Dias) e estaduais (Weverton e Julião). Estes tinham interesse em assumir mandato de deputado federal; Flávio Dino, em “ter o partido na mão” para o seu projeto de poder no Maranhão em 2014 que passava por São Luis em 2012.
Enfrentei conscientemente esta situação, por razões de princípios e valores, bem como por crer que o PDT tem uma história democrática e popular com todo o direito de continuá-la e preservá-la, dando assim a sua contribuição ao processo político maranhense muito vilipendiado pelas forças do atraso, do convencionalismo, do fisiologismo.
Os gestores cartoriais do Lupi e do Manoel Dias realizaram dois encontros estaduais de “planejamento estratégico e gestão partidária” nos dois últimos sábados, em Imperatriz e Caxias. Pelas fotos e notícias publicadas em jornais e blogues, pelos relatos, podemos dizer que nada houve de planejamento estratégico, tampouco de gestão partidária. Somente falas e discursos a reverenciar o beneficiário maior do lupismo que, como sabemos, não é nem do PDT e, sim, do PC do B.
É que esses chefetes estaduais precisam legitimar-se junto ao partido e às oposições por meio da submissão. Tem biografias de prestígio e reputação questionáveis. Sobre as declarações divulgadas(umas beiram ao ridículo, outras a serem levianas), gostaria de fazer as seguintes ponderações para que os companheiros e companheiras do PDT (e a todos que possam ter algum interesse) tomem conhecimento e possam fazer um julgamento:
1. Flávio Dino somente atuou como um dos advogados de defesa do ex-governador Jackson Lago, em duas audiências em São Luis, em abril de 2008, especificamente a que tratou de levantar depoimentos de testemunhos, dentre eles, o ex-prefeito de Caxias, Humberto Coutinho – o primeiro de uma série de prefeitos escalados para votar no então candidato a deputado federal, em 2006, pelo ex-governador Zé Reinaldo;
2. Não consta nos registros do Congresso nenhum discurso do então deputado federal Flávio Dino na Câmara dos Deputados defendendo o governo Jackson Lago durante o processo de cassação, tampouco após o mesmo. Na balaiada, era notável a ausência do PC do B. Alguém o avistara? Ao contrário, o seu principal assessor até escreveu um texto no qual afirma que não houve comemoração nem choro com a cassação, tal era a distância política de seus projetos imediatos para com o que realmente acontecia de importância para os reais interesses do nosso estado e país. E, aproveitando, não há um discurso do então deputado federal denunciando as mazelas da oligarquia, nada…Talvez, nem em 2010, quando de sua candidatura ao governo;
3. Jamais escreveu uma linha sequer em seus artigos semanais no Jornal Pequeno para tratar da cassação ou para defender o governo Jackson Lago dos ataques dos adversários tradicionais. E, tinha o seu irmão Sálvio Dino Júnior entre janeiro de 2007 a abril de 2008 e, depois, o seu correligionário Eurico Fernandes, entre abril de 2008 até a cassação de abril de 2009, como secretários de Direitos Humanos;
4. Nas eleições de 2010, todos sabemos da atuação dos senhores Zé Reinaldo e o seu então pupilo Flávio Dino, para inviabilizar e, depois, ultrapassar a candidatura Jackson Lago. Reuniões, comícios, propaganda eleitoral em rádios e televisões tratavam a candidatura Jackson Lago como ficha-suja, que seria cassada pelo TSE, num processo habilmente guardado até a última noite de propaganda antes da eleição. Mesmo assim, nos últimos dois dias e no dia da eleição, os partidários dessa candidatura espalhavam mentiras a respeito do resultado do julgamento. (Tinham inseguranças de que a notícia do julgamento pudesse alterar o quadro já favorável para eles irem ao provável segundo turno?). Além disso, tentaram mais de uma vez provocar a desistência da candidatura Jackson Lago, por meio de factóides, sangrias, notícias marrons e investidas de próximos junto ao candidato, além de todo tipo de artifício para esvaziar, cada vez mais, a candidatura do PDT. Tudo isso ocorreu de tal forma que acabou criando condições para não se ter o tão desejado segundo turno. Quando da noite do resultado, após mais da metade dos votos apurados, é sugerido por minha irmã Luciana a papai que ligasse para o Flávio Dino, cumprimentá-lo e dizer que o apoiaria no segundo turno. Jackson Lago, cansado e decepcionado com o resultado, depois de um tenso e longo dia (viajáramos a Santa Rita e Rosário para prestar solidariedade ao prefeito Hilton Gonçalo, que fora preso de forma arbitrária!) ligou, mas o outro lado não atendeu. Logo depois, recebeu a ligação do Flávio Dino que ouviu dele os seus parabéns e a intenção de apoiá-lo no segundo turno. Combinaram de se encontrar na manhã seguinte no apartamento de Jackson, fato que não ocorreu. Nada mais houve além disto! Exceto a nota em que se autoconsagrava como o novo líder das oposições dias depois. O resto é pura exploração e oportunismo barato. Usaram isso nas eleições passadas até com novas versões de que teria havido uma combinação para começar a campanha por Imperatriz, etc. E, agora, recomeçam a utilizá-la. Tudo pelo poder! Temo que, conforme os incontáveis exemplos de seus professores nacionais do lulosarneyísmo, começem a inventar supostos testamentos políticos.

O Maranhão merece muito mais do que estamos assistindo. E, para contrapor-se a esse modelo de subdesenvolvimento, faz-se necessária a discussão democrática e plural de sua economia, política, sociedade e cultura. Faz-se necessário o resgate dos valores e princípios da boa política, que serão sempre novos e arrebatadores de almas a quererem a mudança real dos destinos de nosso estado. As oposições tem um papel importante a desempenhar nesse sentido. E, o primeiro passo é respeitar a história, reconhecer os fatos bem como os erros! Para a construção da unidade das oposições é preciso respeito, cultivar a democracia, que não haja a indevida intromissão na vida dos outros partidos (como temos visto no PT, PDT, PPS, PSDB e, pasmem, até na recente Rede!) e, acima de tudo, sem submissão. Sugiro aos protagonistas das mais variadas oposições, que se começe a discutir a candidatura única para o Senado! É nosso dever, pois só teremos a disputa de uma vaga. E, ao que me consta, ninguém fala disso. Nem mesmo aqueles que mais se pronunciam pela candidatura única ao governo. No segundo turno, se houver e for trabalhado por todos, a unidade se impõe como em 2006.
Receio a unidade que está sendo imposta agora, em torno de uma pessoa, sem programa, sem compromisso de um governo democrático e popular, sem propostas claras. Lembro, novamente, que Jackson Lago sempre foi a favor da unidade das oposições, mas jamais se intrometeu na vida interna dos outros partidos, aqui ou por cima, a nível nacional, e foi candidato 4 vezes ao governo, concorrendo com outros candidatos de oposição. Em 2002, 2006 e 2010, sendo o principal nome, queria a candidatura única, não houve. E, devemos constatar, não houve em 2006 e 2010 porque os atuais proselitistas da candidatura única não quiseram! Jackson Lago tinha biografia pela educação, pela saúde, pela moradia, pelas reformas, pela gestão participativa. O pretenso candidato único tem essa biografia?

E, com toda a sinceridade, devemos admitir que falhas houveram no seu governo plural agredido, diuturnamente, antes mesmo de assumir; quanto às escolhas de alguns de seus auxiliares mal sugeridas por compromissos políticos,… Mas, ao contrário do que dizem os partidários do sarneyísmo e de seus dissidentes, Jackson Lago tentou e fez muito mais que se possa imaginar e que as circunstâncias permitiam. Hilário assistir ao que dizia “que o Zé Reinaldo deixou o avião na cabeceira da pista e o novo piloto não soube decolar…” e, hoje, faz um grande esforço para dizer que o governo Jackson foi combatido. Só agora?
Para aqueles da boquinha, das circunstâncias de poder, das ambições desenfreadas pelo poder, tudo é permissivo, passageiro, rotineiro. Os meios justificam os fins! Será?
Portanto, nós, oposições, temos de ter muita responsabilidade em trabalhar a escolha daquele que nos representará em mais uma batalha eleitoral.
Porque não dar esse direito ao povo, o de escolher?
Saudações Trabalhistas!
Igor Lago

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