sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Em carta, goleiro Bruno diz que perdoa primo por denúncia


Em uma carta escrita pelo goleiro Bruno, divulgada na quinta-feira (18), o atleta diz que perdoa o primo Jorge Luiz Rosa, 19, considerado testemunha-chave no processo que investiga o desaparecimento e morte de Eliza Samudio, por ter denunciado o caso à polícia.

"Se você inventou aquelas loucuras, mentiras, mesmo que hoje todos sofram muito com tudo aquilo que inventou, foi porque você teve seus motivos. Mas do fundo do coração, eu ainda te amo muito, meu primo", diz Bruno, na carta.

Em outro trecho da mensagem, o goleiro fala sobre um momento em que o primo sofreu ameaças de traficantes. "Lembra quando você e sua mãe me ligaram desesperados falando que traficantes do seu bairro queriam te matar? Pois é, Deus estava te dando um livramento, mais uma oportunidade, uma nova vida", diz.

Ele também fala sobre sua carreira. "O dom que Deus me deu não se formou ao longo dos anos. Eu nasci com ele. Da mesma forma que permitiu que eu brilhasse, não permitirá que ninguém ofusque esse brilho."
O advogado de Bruno, Rui Pimenta, diz que o goleiro escreveu a carta ao saber por parentes que o primo estava "traumatizado com a mentira que teve que contar".

Segundo a TV Record de Minas Gerais, que divulgou a carta, ela foi escrita em fevereiro de 2011. Na época, Jorge Luiz Rosa cumpria medida socioeducativa por seu envolvimento no caso. O goleiro teria tentando confortar o garoto. "Acredite, meu querido, que mais cedo que possa imaginar, estarás livre."
O advogado de Jorge, Eliézer Jônatas de Lima, afirma que o jovem nunca recebeu a mensagem.

Alex de Jesus-28.jun.11/O Tempo/Folhapress
Goleiro Bruno durante audiência em Minas Gerais
O goleiro Bruno chora em audiência de Comissão da Assembleia miniera sobre negocião de habeas corpus

SOB PROTEÇÃO

Após sair de um centro de internação para adolescentes, em setembro, Jorge foi incluído no programa estadual de proteção à testemunha. Ele foi o primeiro condenado entre os nove envolvidos no caso da ex-amante de Bruno e cumpriu dois anos e um mês de medida socioeducativa.
Jorge é considerado uma testemunha-chave no caso. Foi ele quem desencadeou toda a investigação sobre a morte de Eliza em um primeiro depoimento à delegacia da Polícia Civil no Rio. Na ocasião, Jorge confirmou o desaparecimento e morte de Eliza. Quando chegou apreendido a Minas, no entanto, mudou sua versão.

Segundo Lima, Jorge foi pressionado pela polícia e coagido a dizer que Eliza havia sido assassinada. "Até a hora em que Eliza foi vista no sítio, é verídico. Daí para a frente, é mentira", afirma.

O CASO

Eliza Samudio desapareceu em junho de 2010. Ela pedia pensão para o filho que teve com o ex-goleiro. Segundo a denúncia, Bruno não queria pagar e, por isso, montou um plano para matá-la com ajuda de Macarrão.

O corpo de Eliza nunca foi encontrado. As principais provas são o sangue dela encontrados em uma Land Rover do goleiro, então jogador do Flamengo, e objetos dela e do bebê deixados no sítio do jogador.

Bruno está preso na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem (MG). Também são acusados pelo crime Luiz Henrique Romão, o Macarrão (amigo e secretário de Bruno) e Marcos Aparecido dos Santos, o Bola (ex-policial e suposto autor do homicídio), que também estão presos.

Os três serão julgados pelos crimes de homicídio triplamente qualificado, sequestro, cárcere privado e ocultação de cadáver.

Dayanne Souza (ex-mulher de Bruno), Fernanda Castro (ex-namorada do goleiro), Elenilson Vitor da Silva (administrador do sítio de Bruno) e Emerson Souza, o Coxinha (amigo) aguardam o julgamento em liberdade. Eles respondem por sequestro e cárcere privado de Eliza.

Sérgio Rosa Sales, primo de Bruno, que também teria envolvimento no crime, foi assassinado em agosto. A polícia, porém, afirmou que o crime teve motivação passional e não está ligado ao desaparecimento e morte de Eliza Samudio.

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