terça-feira, 6 de novembro de 2012

Criança morre à espera de leito em Belém


Criança morre à espera de leito em Belém (Foto: JR Avelar)
(Foto: JR Avelar)
Paulo de Jesus Batista dos Santos, 11, foi internado no Pronto Socorro Municipal da 14 de Março no último dia 27 de outubro, apresentando sintomas de pneumonia, convulsão, febre, tosse e falta de ar. A família saiu de Santa Maria do Pará, nordeste do Estado, para tratar o filho, que tinha falta de oxigenação no cérebro. Desde então, o garoto aguardava a liberação de um leito na Santa Casa de Misericórdia, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (Sesma). Depois de 10 dias à espera de leito, a situação do menino piorou e ele acabou morrendo na madrugada de ontem (5/11).
A Sesma informou, por meio de uma nota, que a liberação de leitos em hospitais conveniados ao Sistema Único de Saúde (SUS) “depende da rotatividade da liberação de leito em cada hospital, não dependendo do município a liberação desses leitos aos pacientes, já que a responsabilidade da liberação dos leitos é de inteira responsabilidade do hospital referenciado que receberá o paciente (neste caso, a Santa Casa)”. Diz ainda a nota que “o cadastro para liberação de leitos é feito por qualquer serviço de saúde, seja ele hospital ou unidade de saúde e a partir daí, a Central de Leitos do município regula o processo”. 
Como responsável pela regulação dos leitos, a Secretaria não assume que deveria fazer busca ativa nos hospitais credenciados ao SUS para manter cadastro atualizado de leitos disponíveis em Belém, mesmo para os casos graves como o do menino Paulo. Em nota, a secretaria se limitou a afirmar que é responsável apenas pelo cadastro dos leitos oferecidos pelos hospitais da rede pública e particular. Mas os pais do garoto contaram que cobraram leito pra ele o tempo todo e também atendimento, já que ele estava em uma enfermaria lotada. 
A assessoria da Santa Casa informou, entretanto, que o hospital não recebeu qualquer pedido de leito para o garoto. A Santa Casa também não seria referência para casos de infecção, mas somente materno-infantil e criança com problema renal crônico. O menino deveria ter sido encaminhado para outro hospital como o Barros Barreto ou o Hospital de Clínicas , segundo a Santa Casa.
A Sesma destaca ainda que o Departamento de Regulação (Dere) da Secretaria, “não é detentor dos leitos que podem receber pacientes em hospitais referência. O Dere/Sesma apenas organiza a fila de espera, de acordo com os critérios de prioridade estabelecidos pelo Sistema Único de Saúde e pelo Ministério da Saúde”.
As transferências seriam feitas de acordo com normas do Ministério da Saúde que incluem a gravidade do caso, o tempo de espera na fila e a idade do paciente. Segundo a Sesma, a Central de Leitos da capital apenas concentra a organização da fila.
Atualmente existem 2.700 leitos de regulação em Belém, incluindo os leitos em hospitais estaduais e conveniados ao SUS.

LONGA ESPERA
Outro paciente, com duas balas alojadas no corpo, teria esperado o dia inteiro, ontem, segundo a mãe dele, Edna Silva, “deitado numa maca sem lençol e só com um soro”, num corredor do PSM da 14 de Março. Ela disse que só à noite, depois que ligou para a imprensa, o filho I.S.S., de 17 anos, vítima de um assalto, às 8h, no bairro do Telégrafo, foi levado para uma sala, onde estava escrito “área vermelha” e ela não pode entrar. 
Dona Edna chegou ao PSM somente às 13h, vinda de Barcarena. O pai do jovem mora no Mato Grosso do Sul e ficou de chegar hoje em Belém. Os tiros, segundo a mãe, acertaram o pescoço e as costas do rapaz e ela teme que uma bala tenha ficado alojada na coluna dele porque ele não se mexe. Ela disse que de início queriam tratar o filho dela como marginal e que chegou a ser ironizada por um médico que teria dito a ela que se ela tivesse 50 mil reais para a cirurgia poderia tirar o filho do hospital.
(Diário do Pará)

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