sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Moto Taxista é preso com 188 gramas de Crack

Escoltado por vários PMs, Rafael deu entrada na urgência da Unimed as 10h45 de quarta-feira.
Redação
Preso há 10 dias na carceragem do 3º Batalhão de Polícia Militar, em Imperatriz, o soldado Rafael Teixeira de Sousa tentou se suicidar quarta-feira (11), pela manhã. A informação foi confirmada pela tia do soldado, Rosimar Teixeira Sousa. Escoltado por vários PMs, Rafael deu entrada na urgência do Hospital Unimed as 10h45 daquela manhã. No mesmo dia voltou para a prisão, onde aguarda o fim do drama.

De acordo com Rosimar, o soldado está em profundo estado de depressão e ansiedade. Não suportando mais a situação de detido, ele ligou para a tia e disse que ia se matar. Instantes depois tomou uma dose extra de medicamento tarja preta receitado por um médico psiquiatra que atendeu o militar numa clínica particular de Imperatriz. Os surtos depressivos do policial começaram após a morte de sua mãe, há cerca de 40 dias.

A prisão de Rafael Teixeira ocorreu quando ele apresentou um atestado ao tenente-coronel, médico e responsável pela junta médica do 3º BPM, Alberto Nasser Duarte Santos. O tenente Nasser é quem julga a validade dos atestados e concede ou não a licença aos policiais da corporação na região. Durante a consulta houve um desentendimento entre Nasser e Rafael. O soldado tentou agredir o tenente e recebeu voz de prisão de dois outros oficiais e um sargento que estavam próximos ao local.

Contra Rafael pesam as acusações de desacato, desrespeito ao superior hierárquico, ameaça e tentativa de agressão. A prisão do soldado repercutiu em vários blogs de Imperatriz, inclusive alguns destes sites chegaram a postar um vídeo mostrando o soldado atrás das grades e com as receitas dos medicamentos controlados. Por ser militar, Rafael Teixeira só pode ser julgado pela Justiça Militar.

O presidente da Associação Regional de Cabos e Soldados da Polícia Militar e Corpo de Bombeiros de Imperatriz, Açailândia e Região Tocantina (ARCSPMIA), o cabo da PM Deusivan Sousa Silva, não contesta a prisão de Rafael, mas questiona o momento no qual o soldado foi detido. “Acho que tinham que ser observadas, no momento da prisão, as condições do soldado. Afinal de contas, Rafael perdeu a mãe recentemente e está com um atestado de problemas mentais”, disse.

Deusivan afirmou que todos os quatro advogados da ARCSOMIA estão à disposição da família do policial para tratar dos procedimentos jurídicos que envolvem o pedido de liberdade provisória. Segundo ele, foi feito um pedido de Habeas Corpus em favor do soldado na justiça comum, mas esta se pronunciou como incapaz de julgar o caso.

O tenente-coronel Nasser foi procurado pela reportagem do Correio Popular e explicou como ocorreu a prisão do soldado, mas não quis gravar entrevista. Nasser disse que só pode falar aos seus superiores e que Rafael cometeu um crime militar e está sendo penalizado por isso.

O médico psiquiatra João Eli de Oliveira, que emitiu o atestado que Rafael apresentou na Junta Médica do 3º BPM, também foi procurado pela reportagem. O objetivo era esclarecer quais os medicamentos, os efeitos e as consequências que a falta dos remédios receitados ao soldado podem causar. Dr. João Eli, assim como Nasser, não quis dar entrevista.

O comandante interino do 3º BPM, major Ventura, afirmou por telefone que todos os esforços da corporação estão sendo empreendidos para que Rafael seja julgado o mais breve possível. Ele ressaltou que, apesar de entender a dor e sofrimento da família pela prisão e atual situação do soldado, Rafael foi autuado em flagrante e desobedeceu a lei de hierarquia militar. O processo já foi apreciado pela auditoria militar, em São Luis, e para as próximas horas é aguardado o pronunciamento da promotoria sobre o caso. A partir de então, o juiz militar dará seu parecer em relação ao caso.

“Nós estamos fazendo o possível para solucionar o caso, todo o esforço da nossa parte é esclarecer a situação e tranquilizar a família”, afirmou Ventura. Por enquanto o major descartou a informação de que o soldado será transferido para São Luis a fim de receber tratamento. “É preciso que a sentença seja expedida, depois a transferência será concedida”, concluiu.

Por Ronie Petterson

Nenhum comentário:

Postar um comentário