Em entrevista a O Estado, a tabeliã Alice Emiliana Ribeiro Brito rebateu as acusações feitas pelo analista de sistemas Paulo Araújo Ferreira de que ela teria encomendado a morte da juíza Lucimary Castelo Branco, titular do 6º Juizado Especial Cível, da tabeliã Ana Carolina Brasil Campos Maciel, do Cartório de São Mateus, e do tabelião substituto do Cartório de Maranhãozinho, Ronaldo Torres. Segundo a tabeliã, as denúncias teriam o objetivo de impedi-la de assumir o cargo para o qual foi aprovada em primeiro lugar no concurso de notários e registradores realizado pelo Tribunal de Justiça.
Alice Brito é tabeliã no Cartório de Anajatuba e com a aprovação no concurso seria removida para o 2º Cartório de Protesto de Notas, a ser criado em São Luís. “Essas acusações têm o objetivo de me deixar com a ficha suja, pois assim eu fico impossibilitada de assumir a nova função, pois, como fui aprovada em primeiro lugar, eu assumiria o cartório de maior faturamento entre os que constam no edital do concurso”, afirmou.

Trecho do depoimento de Paulo Ferreira onde ele nega ter sido contratado para matar juíza e tabeliães
Segundo a nova legislação, São Luís não pode ter apenas um Cartório de Protesto de Notas. Por essa razão, ele será desmembrado em dois. O faturamento do 2º Cartório de Protesto de Notas está estimado em R$ 500 mil, fato que, para Alice Brito, pesou para que ela fosse alvo das acusações. “Há algum tempo eu estou sendo vítima de inúmeras tentativas de desqualificar minha reputação diante das pessoas”, comentou.
A tabeliã diz ser vítima de uma campanha sistemática contra si desde que, à frente da presidência da Associação dos Notários e Registrados do Maranhão (Anoreg), fez uma série de denúncias à Corregedoria Geral de Justiça, ainda na gestão do desembargador Guerreiro Júnior, de irregularidades cometidas em diversos cartórios do estado na qual uma delas resultou na prisão de 80 pessoas no Maranhão pela fraude de benefícios do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), falsificação de títulos de eleitor, oriundos de Registros de Nascimento também falsos e grilagem de terras em 2010 e 2011.
O resultado do concurso para o qual a tabeliã obteve aprovação ainda não foi divulgado porque Ana Carolina Brasil ajuizou uma ação que culminou com liminar que suspendeu o certame. Alice Brito informou que sabe da sua classificação em primeiro lugar por meio da comparação da sua nota com a de outros aprovados no seletivo, que está sendo divulgada pelos próprios participantes espontaneamente em um blog.
No entanto, ela acredita ser muita coincidência o fato de a filha da juíza Lucimary Castelo Branco, que também foi classificada no exame, fazer parte de um grupo de pessoas que tentou impedir que ela realizasse o concurso do Tribunal de Justiça. “Não sei quem é o mentor das acusações das quais sou vítima, mas não descansarei até que essa pessoa seja punida”, resignou-se Alice Brito.
Prisão
O analista de sistema Paulo Araújo Ferreira está preso por determinação do juiz Douglas de Melo Martins. Em acareação com Alice Brito, ele disse ter inventado a vesão sobre os assassinatos. A juíza Lucimary Castelo Branco está de férias e fora do estado. O secretário de Estado de Segurança Pública, Aluísio Mendes, afirmou que se trata de uma investigação sigilosa conduzida pela Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic). Ele garantiu que o analista de sistemas responderá por todos os crimes que a polícia considerar justos, inclusive pelos possíveis relatos mentirosos.
“O que podemos dizer neste momento é o que já foi tornado público pela imprensa. No entanto, é importante dizer que parte do depoimento dele [Paulo Araújo Ferreira] é fantasiosa. O que é fato é que ele estava arquitetando vários crimes pela internet, pois é um hacker com vários processos na Justiça, inclusive em São Paulo”, disse.
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