segunda-feira, 2 de abril de 2012

Marcelo é acusado de desviar tíquetes de funcionários da Assembleia para abastecer sua residência


O líder da oposição na Assembleia Legislativa, deputado Marcelo Tavares (PSB), foi denunciado por um ex-funcionário de seu gabinete de desviar tíquetes-alimentação dos servidores, na época em que foi presidente da Casa, em 2009. A denúncia foi feita anteontem no blog de Caio Hostílio. O parlamentar nega o desvio e acredita ser fruto de represália pela demissão do funcionário citado pelo blogueiro.
De acordo com a denúncia publicada por Caio, Márcio Murilo Pimenta, funcionário nomeado por Marcelo Tavares, teria comprado mercadorias em nome de servidores da Casa e as levado para um sítio de propriedade de Luana Brasil, neta dos donos da Potiguar, na época assessora do presidente da Assembleia trabalhando no Grupo de Esposas de Deputados Estaduais (Gedema). O Gedema era presidido pela mulher de Marcelo, Silvana Tavares, amiga de Luana. Silvana é quem mandava nas questões administrativas da Assembleia.
Marcelo e a mulher Silvana são acusados de usar tíquetes para abastecer até com eletrônicos a residência do casal
Segundo a denúncia, o esquema funcionava assim: Marcio Pimenta era o funcionário responsável pela distribuição dos tíquetes-alimentação Amazon Card aos servidores do Legislativo estadual. Ele usava tíquetes de servidores em férias ou tratamento de saúde para fazer compras a mando de Silvana Tavares e assessora parlamentar.
O blog exibe ainda notas fiscais do Supermercados Mateus, em nome de Márcio Pimenta, e garante ter ouvido do ex-servidor a afirmação de que comprava as mercadorias, inclusive eletrodomésticos e eletroeletrônicos, a mando da esposa e da assessora do deputado, no valor de R$ 10 mil, pagos com tíquetes. Parte dessas compras iria também para a casa do deputado.
Para confirmar a versão de Márcio Pimenta, o blogueiro ouviu também dos funcionários do supermercado a seguinte versão: “estiveram aqui duas moças bonitas e um rapaz alto e magro de cabelo grisalho. As duas moças olharam muitas coisas e anotaram numa folha com os preços e depois passaram para o rapaz com um talão de ticket e ele comprou em seu nome e mandou entregar tudo no endereço combinado”.
Lista de compra mostra vários eletros adquiridos com tíquetes
Outro lado
Marcelo Tavares classifica a denúncia de mentirosa. “Em primeiro lugar, qualquer pessoa pode comprar com tíquete do Amazon Card. O servidor pode usar, trocar ou até vender o benefício. Isso esvazia a denúncia. Em segundo lugar, as notas estão todas em nome do próprio Márcio Pimenta. A única nota do Amazon Card é equivalente a R$ 139, que poderia ter sido usado por qualquer um. Portanto, nem há o que questionar nesta história”, disse o parlamentar.
Marcelo Tavares lembrou ainda que Márcio Pimenta não precisaria de determinação para pegar tíquete, “porque era ele próprio quem os distribuía”. Além disso, lembra o parlamentar, o Departamento de Recursos Humanos da Assembleia tinha o controle dos servidores em férias ou licença e informava ao responsável pelos tíquetes, que não poderia preencher os espaços. “Além disso, como, até hoje, nenhum servidor reclamou de que alguém recebeu o tíquete em seu lugar?”, questionou o parlamentar.
O líder oposicionista admite apenas que os tíquetes podem ter sido usados para a compra de alimentos e material para festas dos próprios funcionários, mas ressalta: “Isso pode ocorrer, mas, enquanto os tíquetes não são repassados aos servidores, eles pertencem à Assembleia. Se a Casa usa, e pode ter usado, tem que repor ao servidor. É muito simples”, frisou.
De acordo com o parlamentar, Márcio Pimenta foi exonerado ainda em 2009, por questões outras, que ele não quis revelar. “Prefiro falar apenas depois que tiver certeza de que a denúncia foi feita pelo Márcio Pimenta”, disse o ex-presidente.
A versão de cada um
A denúncia: Márcio Monteiro foi obrigado pela esposa e pela assessora de Marcelo Tavares a comprar mercadorias no Mateus e pagar com tíquete que pertenceriam a servidores da AL;
Marcelo Tavares: As notas do Mateus estão em nome do próprio Márcio e não faz referência a tíquetes; Portanto, é impossível saber como foi paga.
A denúncia: Marcelo, a esposa, Silvana, e a assessora, mandavam Márcio utilizar, para compras pessoais deles, tíquetes de servidores em férias ou licença médica;
Marcelo Tavares: “O departamento de pessoal mandava, mensalmente, a relação de servidores em férias, que não poderiam assinar pelo recebimento do tíquete. Qualquer alteração, seria de conhecimento do departamento, e do próprio servidor fraudado”.
A denúncia: Márcio Pimenta acusa Tavares de tê-lo demitido e posto o assessor Jorge Zibicueta para continuar a distribuição dos tíquetes.
Marcelo Tavares: Jorge Zibicueta controlava a distribuição para Márcio, o que era de conhecimento também do Recursos Humanos, num sistema de autofiscalização.

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