quarta-feira, 18 de abril de 2012

Manifestação por reforma agrária paralisa BR-010 por 20 min



Foram mais de 20 minutos de trânsito interrompido nos dois sentidos da BR-010, perímetro urbano de Imperatriz, o que provocou engarrafamento e a paciência de alguns condutores de veículos. A ação organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra da região (MST) foi pacífico e, além de cobrar urgência no processo de reforma agrária, exigiu a punição dos envolvidos no caso conhecido como Massacre de Eldorado de Carajás, onde vários trabalhadores rurais foram assassinados em 1996, no estado do Pará.

A manifestação realizada na manhã de ontem em Imperatriz foi considerada pelos militantes apenas uma contribuição às ações que desde o início da semana acontecem em todo o país com o mesmo objetivo. “Hoje se completa 16 anos do massacre de Eldorado dos Carajás e os assassinos continuam impunes. Queremos justiça pelos nossos companheiros assassinados por lutarem pelos direitos”, diz Gilvânia.

Segundo a coordenadora do MST na região, “os conflitos no campo do Maranhão têm aumentado significativamente, isso tem a ver com a concentração, cada vez maior, de terras apossadas por grandes grupos econômicos. Para isso os trabalhadores são expulsos de suas terras”, declara. De acordo com a líder, a concentração que teve início na sede do Instituto Nacional de Colonização é Reforma Agrária (INCRA), no bairro Bacuri, registrou a participação de trabalhadores rurais de acampamentos de toda a região Tocantina. “São ao todo 4 mil famílias acampadas que o MST coordena em todo o estado do Maranhão. A maioria dos acampamentos são dessa região, como o que nós temos em Bom Jesus das Selvas, com 1000 famílias”, explica a coordenadora, que após a interdição da rodovia retornou para o INCRA com as dezenas de homens e mulheres que empunhavam cruzes, bandeiras e cartazes, ao mesmo tempo em que promoviam um apitaço. 

Gilvânia ainda informou que na reunião marcada com representantes do instituo seria cobrada a emissão de posse de terras, segunda ela, nas mãos da Justiça Federal. “É preciso que seja tomada uma decisão para que se possa consolidar o levantamento de áreas que são procedentes de desapropriação. Muitas estão com processos engavetados há mais de três anos. Tem área com 14 anos com as famílias acampadas e até agora nenhuma solução”, reivindica.

O Superintendente Regional do INCRA no Maranhão, José Inácio Rodrigues, veio à Imperatriz para conversar com as lideranças do movimento em reunião marcada para após o protesto. “A pauta da reunião envolve a questão de infraestrutura para os acampamentos e desapropriação de novas áreas, sob tudo as que são objetos de conflitos”, adiantou o Regional. José Inácio avaliou como justa as reivindicações dos trabalhadores Rurais, informando que a questão ‘recursos para infraestutura nos acampamentos e melhoria no atendimento aos trabalhadores’ é pauta nacional do instituto. “O movimento acredita que os recursos do INCRA são insuficientes para priorizar as demandas da reforma agrária. É uma reivindicação justa. De fato precisamos ter mais recursos para atender com mais rapidez as questão a nós apresentadas e garantir infraestrutura do próprio órgão para que a gente possa ter recursos suficientes e dar o mais rápido possível soluções”, disse o representante do INCRA.

O Superintendente afirmou também que os principais obstáculos no processo de reforma agrária na região são inúmeras ações judiciais, “como liminares do Supremo que impedem a desapropriação de terras, e isso gera conflitos. São situações que se arrastam, e o INCRA fica engessado, sem poder fazer Reforma Agrária”, justifica. 

Durante a paralisação da BR-010, lideres de assentamentos e de acampamentos, representantes de movimentos que aderiram ao protesto e lideranças partidárias de Imperatriz tiveram a oportunidade de falar. A Polícia Militar esteve no local garantindo a segurança dos manifestantes e orientando os condutores após a liberação da rodovia. A previsão era de permanência do grupo na sede INCRA durante todo o dia de ontem.

Por Hemerson Pinto

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