segunda-feira, 2 de abril de 2012

Carta Capital desaparece das bancas de Goiânia


Denúncias que se multiplicaram na manhã/tarde deste domingo (1º) dão conta de uma verdadeira invasão, em Goiânia (GO), sobre a revista Carta Capital que acabara de chegar às bancas. Carros sem placa de identificação percorreram as bancas de jornal da capital de Goiás, com homens comprando, de uma só vez, todos os exemplares disponíveis.
Suspeita-se que a ação ocorra por grupos políticos ligados ao esquema do contraventor Carlinhos Cachoeira, que está preso pela Operação Monte Carlo, da Polícia Federal. O assunto já é do conhecimento de políticos de expressão nacional.
O deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP) foi bem humorado no Twitter ao se manifestar sobre o caso: “Alô, Mino Carta, mande um estoque extra da Carta Capital pra Goiania, tem gente comprando todas as edições pra coleção particular”.
Já o ex-deputado e advogado Luiz Eduardo Greenhalgh chamou de “bandidos” os homens que promovem a retirada da revista das bancas e deu um link da reportagem na íntegra (acesse aqui). “Soube agora que há carros sem placa recolhendo a Carta Capital das bancas”, registrou o deputado federal Jean Wyllys (PSOL-RJ).
A reportagem de capa, assinada pelo jornalista Leandro Fortes, aborda documentos, gravações e perícias da Operação Monte Carlo que indicam uma sinergia total entre o esquema do bicheiro, Demóstenes e o governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB).
Uma gravação telefônica de 5 de janeiro de 2011 entre Cachoeira e seu principal auxiliar, Lenine Araújo de Souza, vulgo Baixinho, captada por agentes federais, mostra a interferência do bicheiro no governo de Perillo.
De Miami, o empresário recebe a notícia de que um de seus indicados para o governo de Goiás, identificado apenas por Caolho, foi preterido sem maiores explicações, aparentemente sem o conhecimento do governador. “Marconi, hora que souber disso (sic) vai ficar puto”, reclama o bicheiro, no telefonema a Souza. E acrescenta, a seguir: “Já mandei avisar ele (sic)”.
A reportagem também informa que Demóstenes recebeu ordem de Souza para falar diretamente com o governador – que nega envolvimento no caso – sobre o assunto.
Esta, no entanto, não foi a única interferência do bicheiro no governo de Perillo, segundo a PF. Há registro de conversas em que Cachoeira se mostra incomodado com a atuação de um coronel em Anápolis, que poderia atrapalhar os seus negócios.
Na semana passada, Carta Capital revelou que o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) tinha direito a 30% da arrecadação geral do esquema de jogo clandestino comandado pelo bicheiro – e que movimentou, em seis anos, R$ 170 milhões. 

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