O
Ministério Público deve denunciar à Justiça Federal, esta semana, 11
executivos presos na Operação Lava Jato. Segundo a Polícia Federal,
diálogos detalham o envolvimento do doleiro Alberto Youssef e do diretor
de uma empreiteira em um esquema de suborno ao governo do Maranhão.
Segundo
a Polícia Federal, a combinação, a liberação dos pagamentos e o
transporte da propina estão gravados em conversas telefônicas entre os
investigados. Em agosto, o Jornal Nacional revelou o suposto pagamento
de propina ao governo do Maranhão pela Construtora Constran.
Em
depoimento à Polícia Federal, a ex-contadora do doleiro Alberto Youssef,
Meire Poza, afirmou que a Constran pediu que Alberto Youssef subornasse
o governo do Maranhão oferecendo R$ 6 milhões. Em troca, a empresa
furaria a fila desses pagamentos judiciais e receberia, antecipadamente,
R$ 120 milhões em precatórios. Por ter negociado o acordo, Youssef
receberia R$ 12 milhões.
Os
diálogos inéditos dessa negociação estão na nova fase da Operação Lava
Jato. Em uma conversa de dezembro do ano passado, o doleiro Alberto
Youssef recebeu a confirmação de que foi paga a primeira parcela do
precatório pelo governo do Maranhão para a constran. Ao ser perguntado
se recebeu o dinheiro, o doleiro responde: “recebi; logo depois o cara me trouxe aqui; tenho que te pagar”.
A
conversa sobre o precatório avança. Desta vez, diretamente com o
diretor da Constran, Walmir Pinheiro. Segundo a polícia, há um diálogo
sobre a entrega de dinheiro vivo. Walmir cobra um horário e Youssef
responde: “uma hora, uma hora e quinze, por aí”. Walmir diz: “beleza, tá, tá, é”. “Levando as duas vias?”. O doleiro confirma: “tá
levando as duas vias, ele vai levar um pedaço agora de manhã e já vai
combinar com o cara para levar outro pedaço que vai ficar lá, que tá
chegando uma outra pessoa mais tarde”.
De acordo com
a Polícia Federal, compromissos, “duas vias” e “pedaço” são códigos
para dizer dinheiro em espécie. Os investigadores afirmam que foram
necessários dois funcionários por causa da impossibilidade de ocultar
tanto dinheiro no corpo sem levantar suspeitas em aeroportos.
Depois
que o caso foi revelado, o Superior Tribunal de Justiça a abriu
investigação contra Roseana Sarney. Já sobre os executivos de
empreiteiras, o Ministério Público deve oferecer as denúncias formais
contra eles nesta semana.
A defesa de Alberto Youssef disse que
desconhece a denúncia e que não vai se manifestar. A Constran, que faz
parte do Grupo UTC, negou o pagamento de propina pra obtenção do
precatório e disse que não vai comentar o diálogo sem ter acesso à
conversa na íntegra.
A defesa de Roseana Sarney, governadora do
Maranhão, informou que a polícia e o Ministério Público Federal já
afirmaram, em documentos da investigação, que não há nada que ligue a
governadora ao episódio.
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