quinta-feira, 5 de julho de 2012

Décio Sá encontrou-se com Gláucio antes de ser executado


POR OSWALDO VIVIANI
Um depoimento de Gláucio Alencar Pontes Carvalho, 34 anos – que teve alguns trechos vazados no blog do jornalista Luís Cardoso no sábado (30) –, foi publicado na íntegra hoje (4) em outro blog, do jornalista Itevaldo Júnior. Gláucio foi preso no dia 13 do mês passado, com outras cinco pessoas, acusado pela polícia do Maranhão de mandar assassinar o jornalista Décio Sá, 42, em abril, e de praticar agiotagem, envolvendo várias prefeituras do estado.
No depoimento – prestado no dia 25 de junho –, Gláucio Carvalho afirma que teve um encontro com Décio Sá, após a segunda postagem, no blog de Décio, sobre o assassinato do revendedor de veículos Fábio dos Santos Brasil Filho, 33, em Teresina (PI), no fim de março passado.
Décio Sá, Gláucio Alencar e Ronaldo Ribeiro: encontro na Península da Ponta d’Areia
Na postagem (“Morte de Fábio Brasil ainda vai dar muito o que falar”, de 5/4/12), Décio denunciou o envolvimento de agiotas maranhenses no crime, como na primeira (“Homem que devia a agiotas do Maranhão é morto em Teresina”, de 31/3/12).
De acordo com Gláucio, as informações dos posts teriam sido passadas a Décio por Telmo Mendes Júnior (irmão da desembargadora Nelma Sarney).
À polícia, Gláucio Carvalho declarou que procurou Fábio Câmara, assessor do secretário de Saúde do Maranhão, Ricardo Murad, para que este intermediasse um encontro com o jornalista, amigo de Câmara, com o intuito de que as postagens sobre o assunto não se repetissem – uma vez que Gláucio nega envolvimento com a morte de Fábio Brasil, e em alguns comentários de leitores do blog de Décio seu nome era citado.
Segundo Gláucio, seu encontro com Décio Sá ocorreu no apartamento do então advogado do depoente, Ronaldo Henrique Santos Ribeiro, 31, na Península da Ponta d’Areia, na época da Semana Santa, poucos dias antes de o jornalista ser executado.
Teriam participado da reunião o depoente (Gláucio), Ronaldo Ribeiro e Décio Sá, e, de acordo com Gláucio, ficou acertado que Décio não postaria em seu blog mais nada sobre o “caso Fábio Brasil” que envolvesse Gláucio Alencar e seu pai José de Alencar Miranda de Carvalho, 72.
“Perguntado ao interrogado [Gláucio] se houve algum tipo de proposta financeira ou de vantagem auferida para Décio para que ele não mais publicasse essas postagens, respondeu que o pedido foi feito [a Décio] pelo advogado Ronaldo Ribeiro, pessoa que tinha bastante influência sobre Décio, e não sabe precisar se houve alguma movimentação nesse sentido [de proposta financeira]”, descreve o depoimento.
Gláucio Alencar também fala, no depoimento, sobre o desentendimento que teve com outro blogueiro maranhense, Marcelo Vieira – a quem teria “esculhambado” no restaurante Cabana do Sol, conforme suas palavras –, que também postou uma informação classificando-o como agiota (“Lisboa, Bimba e Aparecida nas mãos da agiotagem”, 24/5/12). Conforme depôs Gláucio, o juiz estadual Sidarta Gautama mediou o entendimento entre ele e Marcelo.
Culpou ‘Bolinha’ – No depoimento prestado à polícia, Gláucio Alencar também afirmou que o empresário José Raimundo Sales Chaves Júnior, o “Júnior Bolinha”, 38, foi o mandante do homicídio que vitimou o revendedor de veículos Fábio dos Santos Brasil Filho, o “Fabinho”, em Teresina, no dia 31 de março último.
“Júnior Bolinha”, também suspeito de ser mandante da morte de Décio Sá, está preso, assim como o suposto executor do homicídio, Jhonathan de Sousa Silva, 24.
No depoimento vazado, Gláucio Alencar declarou que recebeu de um funcionário seu, de nome Hélcio Menezes, a informação de que Fábio Brasil pretendia matá-lo. O motivo seria uma dívida de R$ 180 mil que “Fabinho” tinha com Gláucio. Após receber a informação, Gláucio teria comunicado o fato aos investigadores Joel Durans Medeiros e Alcides Nunes Silva, da Superintendência Estadual de Investigações Criminais (Seic).
Gláucio também relatou que chamou Fábio Brasil para uma conversa e que Fábio e sua mulher, Patrícia Gracieli Aranha Martins, aceitaram repassar ao credor uma empresa que prestava serviços a prefeituras do Maranhão.
Feito isso, segundo Gláucio, ele considerou a dívida quitada, mas “Júnior Bolinha” entrou em contato com ele e teria insistido na eliminação de Fábio Brasil, com o que Gláucio nunca teria concordado, sendo chamado, segundo o depoente, de “frouxo” e “mijão”. Gláucio disse à polícia que no dia do assassinato de Fábio Brasil recebeu uma mensagem pelo celular de “Júnior Bolinha”, que dizia “Tudo está resolvido”.
O crime foi divulgado no blog de Décio Sá, em duas postagens.
Perguntado sobre as circunstâncias em que conheceu “Júnior Bolinha”, Gláucio Alencar afirmou que isso aconteceu na época em que ele era dono de uma loja de veículos na Avenida dos Africanos (São Luís), na qual, “salvo engano”, “Júnior Bolinha” tinha como sócio o deputado estadual Marcos Caldas (PRB).
Quanto ao assassinato de Décio Sá, Gláucio Alencar disse à polícia que soube do crime por meio de um telefonema de seu funcionário Hélcio Menezes. Questionado se recebera uma mensagem do delegado federal Pedro Meireles, comunicando-o sobre o crime, a resposta de Gláucio não fica clara no depoimento.
Estão presos, acusados de participação no assassinato do jornalista Décio Sá: Jhonathan de Sousa Silva, 24 anos; Gláucio Alencar Pontes Carvalho,34; José de Alencar Miranda de Carvalho, 72; Fábio Aurélio Saraiva Silva, 36 (capitão da PM-MA); José Raimundo Sales Chaves Júnior, o “Júnior Bolinha”, 38; e Fábio Aurélio do Lago e Silva, o “Buchecha”, 38;
Chegou a ser divulgado na imprensa maranhense que Elker Farias Veloso, o “Diego”, 26 anos, provável “piloto de fuga” de Jhonatan Silva, teria sido preso em Minas Gerais, na segunda-feira (25), mas a polícia do Maranhão até hoje não confirmou a informação.
Shirliano Graciano de Oliveira, o “Balão”, 26, e “Neguinho” (primeiro nome seria Aldir) – também apontados como envolvidos no crime – estão sendo procurados pela polícia.

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