quinta-feira, 5 de julho de 2012

Pai quer dar chances para os sequestradores fazerem contato


A entrevista coletiva com o empresário Jurandir Mellado aconteceu na manhã de ontem, na casa da família, onde o garoto Pedro Paulo, de cinco anos, foi raptado na quarta-feira, 27 de junho, por volta das 7h da manhã. Jurandir entregou uma carta de esclarecimento aos profissionais de sites, impressos, rádio e TV, que por cerca de meia hora fizeram perguntas. 

Na carta com quatro tópicos, chamou mais a atenção o terceiro parágrafo, que fala sobre a relação com a polícia durante os sete dias e o pedido da família para que as polícias Civil e Militar se afastem do caso. 

“A família acha interessante o afastamento da polícia, por que o nosso principal objetivo é ter o Pedro Paulo de volta, é pra que a gente fique mais a vontade pra poder conversar (caso os sequestradores entrem em contato). Só vamos ter ele de volta se pagar o resgate, e pra pagar o resgate os sequestradores tem que entrar em contato com a gente pra negociar. Quando a polícia fica muito em cima, você não tem liberdade pra poder conversar”, diz.

Interrogado se a família tem recebido ligações ou outros tipos de contatos de pessoas afirmando serem os sequestradores, Jurandir explicou: 

“Por enquanto não houve contato, o que houve foram trotes, e pode ser que no meio desses trotes possa haver o contato verdadeiro. Mas pra saber se é verdadeiro, preciso de uma prova real pra saber que estou falando com a pessoa certa”.

Jurandir disse que todas as ligações que considerou trotes são feitas por homens. Afirmou que, para ele, será verdadeira se lhe derem a oportunidade de ouvir a voz de Pedro Paulo do outro lado da linha.

Em outra parte da entrevista, Jurandir respondeu a pergunta feita por uma jornalista, se o serviço de investigação da polícia não estava checando os telefonemas para descobrir se realmente se tratava de trotes.

“Não tem contato desse tipo, como está sendo feito. Para mim não interessa saber como que a polícia está fazendo, eu quero é meu filho de volta e estou disposto a negociar com eles (sequestradores) e pagar o que eles estão querendo”, afirmou.

Sobre o que a polícia tem dito a respeito do caso, o pai de Pedro Paulo foi direto: 

“A polícia não passa informação pra gente, não tem um vínculo, um contato, então não temos informação da polícia”. 

O empresário aproveitou para explicar que a recompensa de R$ 10 mil oferecida a quem fornecer informação que leve ao paradeiro do menino é uma atitude de amigos e de alguns parentes.

“Hoje fazem sete dias que Pedro Paulo não está mais com a gente. Quando uma matéria sai a nível nacional é muito bom, mobiliza mais pessoas. A gente não sabe se ele está no Pará, no Tocantins, no Maranhão, então quando se veicula a nível nacional mais pessoas veem a foto dele e podem nos dar algum tipo de informação”, foi o depoimento de Jurandir sobre o desejo de ver matérias sobre o desaparecimento do filho veiculadas para todo o país.

O empresário também afastou a hipótese de vingança contra a família, comentários que circularam pela cidade desde o início do caso.

“Nossa família não tem inimigos, não temos dívidas e não existe alguém a quem a gente deva dinheiro. O que existe é uma empresa que compra de outras empresas, os fornecedores, e que vende para clientes que são pessoas jurídicas também. Nunca tivemos inimigos, tá descartado essa hipótese de vingança, o que aconteceu foi um sequestro, de fato, e eles querem exclusivamente o dinheiro”.

O pai de Pedro Paulo confirmou que nos dias 28 e 29, quinta e sexta-feira, ele e as polícias que investigam o caso fizerem buscas durante 48 anos em uma localidade próxima ao município de Sítio Novo, no estado do Tocantins. Segundo o pai do menino, a concentração dentro da mata foi devido informações de que Pedro Paulo havia sido visto na área de mato. O entrevistado revelou que nenhum vestígio foi encontrado. 

O pai de Pedro Paulo também justificou que o pedido de afastamento feito à polícia não significa reprovação ao trabalho de investigação que tem sido feito até agora.

“É apenas para me deixar livre para negociar com os sequestradores, quando eu receber uma ligação e realmente tiver uma prova real de vida, não sou contra o trabalho deles”.

Outra forma de trote descrita pelo empresário são sacolas com bilhetes jogadas sobre o muro para o interior da residência.

“Bilhetes com senhas, depois ligam dizendo que é o sequestrador, mas não dão uma prova real de vida, então a gente descarta aquela possibilidade. Contato real não tem”, destaca. 

A Polícia

Na noite de ontem nossa reportagem entrou em contato com o Delegado Regional Assis Ramos. Interrogado sobre o posicionamento da polícia diante das declarações de Jurandir, de que a família acha interessante o afastamento da polícia no caso, o delegado disse não ter recebido nenhum pedido nesse sentido e que o comportamento da Polícia Civil é o mesmo desde o dia do sequestro. 

Por Hemerson Pinto

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