Brasília - O governo do Maranhão informou, por meio de nota, que a morte do detento Jô de Sousa Nojosa, acontecida na madrugada de hoje (21) na Central de Custódia de Presos de Justiça de Pedrinhas (CCPJ), em São Luís, pode ser uma reação à transferência de presos para presídios federais.
Nojosa é o terceiro detento encontrado morto em Pedrinhas em 2014. A morte aconteceu um dia depois da transferência de nove presos da penitenciária para o Presídio Federal de Segurança Máxima de Campo Grande (MS). “Há indícios de que o crime tenha sido uma reação à transferência de presos para presídios federais“, diz a nota divulgada hoje pela secretaria.
Nojosa foi encontrado morto na CCPJ pendurado por uma “tereza” (corda feita com lençóis). De acordo com informações da polícia, a suspeita é que o crime tenha sido homicídio, pois o preso apresenta sinais de agressão.
A morte ocorreu horas após as primeiras lideranças de facções criminosas que disputam o controle do narcotráfico no Maranhão serem transferidas para presídios federais de segurança máxima.
Na última quinta-feira (16), houve tumulto no CCPJ. Segundo a Secretaria Estadual de Justiça e Administração Penitenciária (Sejap) do Maranhão, soldados da Polícia Militar e do Grupo Especial de Operações Penitenciárias (Geop) foram acionados e conseguiram conter a ação de presos de um dos blocos da Central de Custódia de Presos de Justiça (CCPJ).
Ontem (20), o Ministério Público do Maranhão denunciou sete acusados de organizar e participar do ataque a um ônibus no dia 3 de janeiro, em São José de Ribamar, na região metropolitana de São Luís. Cinco passageiros do ônibus ficaram gravemente feridos, entre eles a menina Ana Clara Santos Souza, de 6 anos, que teve queimaduras em 95% do corpo e morreu dois dias depois.
Na manhã desta terça-feira, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, recebeu representantes de organizações de defesa dos direitos humanos para discutir o pedido de intervenção federal no Maranhão e a federalização dos crimes ocorridos no Complexo Penitenciário de Pedrinhas. O pedido foi feito pelas organizações não governamentais Justiça Global, Conectas e Sociedade Maranhense de Direitos Humanos. O grupo acredita que isto possibilitará investigação mais rápida e independente.
Segundo dado do Conselho Nacional de Justiça (CNJ), 60 detentos foram mortos em Pedrinhas ao longo de 2012. Além disso, a superlotação das celas e a infraestrutura precária são alvo das críticas de detentos, parentes dos presos e de organizações de defesa e promoção dos direitos humanos que apontam o fracasso do estado na meta de ressocializar os prisioneiros.
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