terça-feira, 27 de março de 2012

Sarney celebra 90 anos do PCdoB no Senado


Brasília – “Identifico no comunismo uma ideia generosa, a da igualdade entre os homens, que nos aproxima da justiça social. E essa ideia tem a capacidade de abrir os corações, rompendo com os interesses pessoais para fazer prevalecer o interesse da humanidade”.
Sarney e principais lideranças do PCdoB durante execução do Hino da Internacional Comunista
A declaração é do presidente do Senado, José Sarney, em sessão solene do Congresso Nacional de comemoração dos 90 anos de fundação do Partido Comunista do Brasil (PcdoB). Em seu discurso – finalizado pela execução do Hino da Internacional Comunista para um plenário que, de pé, acompanhava a sessão emocionado – Sarney disse que dava seu testemunho de uma longa convivência e de uma visão dos valores comunistas que conheceu a partir de grandes amigos e eminentes políticos. “O PCdoB é mais velho que eu nove anos” – brincou.
Em seu discurso, Sarney registrou episódio histórico em que cuidou da legalização dos partidos chamados clandestinos, pouco depois de ter assumido a presidência da República: “Na ausência de Tancredo, portanto, a primeira coisa que eu precisava fazer era me legitimar. Tancredo tinha tempo para tomar as medidas de redemocratização do País, eu não.” Ao mesmo tempo em que assegurava um funcionamento mínimo da máquina administrativa, contou que tomava iniciativas, como convocar eleições diretas para os últimos municípios em que havia prefeitos nomeados. E foi aí que recebeu, no Palácio do Planalto, bancada de onze deputados e do líder comunista João Amazonas.
Pela presença do grupo comunista, o presidente Sarney percebeu que uma solução parlamentar seria demorada. E uma foto selou a questão da legalização, “objeto de grande discussão e reação dos militares, que obrigara Tancredo Neves na campanha a dizer que este era um problema ‘da justiça e não do Poder Executivo’.
Sarney contou também sobre sua relação com os comunistas desde a infância em sua casa, sua família e na escola, entre outros episódios, com a sua professora, Mãesinha Mochel, da tradicional família Mochel, de conhecidos idealistas e esquerdistas. A professora veio a ser chefe do PC no Maranhão. A marca do comunismo, prosseguiu, povoou sua adolescência e depois suas leituras, sob a influência de Bandeira Tribuzzi — pseudônimo de José Ribamar Pinheiro Gomes —, um dos maiores amigos de sua vida e que, chegado de Portugal ao Maranhão, trazia suas idéias marxistas da Europa.
Classe política prestigiou em peso evento pela passagem dos 90 anos do PCdoB
Governador do Maranhão, em plena vigência do regime militar, Sarney fez de Tribuzzi seu principal auxiliar, resistindo a todas as pressões para afastá-lo: “A história do Partido Comunista do Brasil é longa e rica de valores, de sacrifícios, de heroísmo. Outros falarão dela com detalhes. Quanto a mim, dou um testemunho, o testemunho de uma longa convivência e de uma visão destes valores maiores entre grandes amigos e eminentes políticos”, finalizou.
Além de Sarney, compuseram a Mesa a deputada Rose de Freitas (PMDB-ES), que co-presidiu a sessão; o presidente do PCdoB, Renato Rabelo; o senador Inácio Arruda (PCdoB-CE); o deputado Osmar Júnior (PCdoB-PI), primeiro signatário para a realização da homenagem; a senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM); a líder do partido na Câmara, deputada Luciana Santos (PCdoB-PE); a ministra da Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, Ideli Salvatti; o ministro dos Esportes, Aldo Rebelo; e o ministro de Minas e Energia, Edson Lobão.

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