sexta-feira, 30 de março de 2012

Zé Reinaldo nega lobby no Min. dos Transportes: “é vingança do grupo Sarney”


Os veículos de comunicação da família Sarney divulgaram, exaustivamente, durante a semana, que o ex-governador José Reinaldo Tavares atuava, agora, como lobista no Ministério dos Transportes, na função de consultor de uma empresa que presta serviços a pasta. Os asseclas da oligarquia insinuaram, também, que durante a passagem de Reinaldo pelo Ministério dos Transportes, nos anos 90, sua gestão foi marcada por corrupção e supostas irregularidades na construção da Ferrovia Norte-Sul. (veja aqui)
Em nota encaminhada ao blog do John Cutrim nesta sexta-feira, o ex-governador Zé Reinaldo comenta as acusações feitas pela mídia sarneysista. Ele dar detalhes importantes sobre o caso e esclarece, ponto a ponto, todas as ilações divulgadas pelos serviçais do clã bem como rebate, de forma contundente, questionamentos lançadas durante sua passagem pelo Ministério dos Transportes e, também, a polêmica da operação Navalha.
Em relação ao fato de prestar consultoria para uma empresa, Zé Reinaldo disse que agora o recriminam por trabalhar. “Como se isso para a oligarquia configurasse um crime, vai ver que hediondo. Sei que trabalho para eles não é opção é mais fácil ganhar dinheiro de outras formas…”.
Quanto ao suposto lobby que estaria exercendo no Ministério para favorecer a empresa a qual é contratado, o ex-governador rechaçou: “que lobby é esse? Sou engenheiro formado e apenas exerço minha profissão. A empresa para quem trabalho, pelo que me consta não tem contratos com o ministério ou a órgãos vinculados a ele, ou qualquer fatura pendente. Mais se tivesse qual seria o meu crime? Só pode ser o de trabalhar…”, indaga.
O ex-governador relata, na nota, que já está acostumado com os ataques rasteiros e vis da oligarquia Sarney. “Eles pensam que assim calam a oposição para que possam ter o campo livre para destruir o estado como tentam fazer em benefício próprio”, desabafa.
José Reinaldo diz ainda que o envolvimento de seu nome na operação Navalha, o que resultou em sua prisão, se tratou de uma vingança da oligarquia Sarney. “Não só contra mim, mas envolvendo muitos integrantes do meu governo, pela derrota de Roseana Sarney em 2006. Quem leu o inquérito e ouviu as gravações vai ver que quem realmente participa de tudo são vários membros da oligarquia”, revela.
Leia, abaixo, a íntegra da nota enviada por Zé Reinaldo ao blog.
Trabalhar é crime para a oligarquia
Já estou acostumado com as agressões da oligarquia. Eles pensam que assim calam a oposição para que possam ter o campo livre para destruir o estado como tentam fazer em benefício próprio. Chamam os seus sicários da pena e aí produzem toda a baixaria que conseguem imaginar para caluniar e detratar quem não baixa a cabeça para eles.
Agora me recriminam por trabalhar, como se isso para a oligarquia configurasse um crime, vai ver que hediondo. Sei que trabalho para eles não é opção é mais fácil ganhar dinheiro de outras formas…
Me acusam então de fazer lobby para uma empresa de construção no Ministério dos Transportes, onde exerci o cargo de Ministro. É só no que pensam.
Vejamos, eu fui ministro dos Transportes até final de 1989, início de 1990. Já se passaram cerca de 22 anos e vários presidentes se sucederam cada um com uma equipe nova no órgão. Lá praticamente não resta ninguém da minha equipe. Não tenho pai Presidente de Poder, nem ministro. Que lobby é esse? Sou engenheiro formado e apenas exerço minha profissão. A empresa para quem trabalho, pelo que me consta não tem contratos com o ministério ou a órgãos vinculados a ele, ou qualquer fatura pendente. Mais se tivesse qual seria o meu crime? Só pode ser o de trabalhar…
Aí me acusam de ter denúncias de corrupção no ministério. Quais? O único caso que houve foi o da licitação da Ferrovia Norte Sul. Será esse? O ministério não fez a licitação que foi feita pela Valec. A Valec foi uma sugestão do Dr. Eliezer Batista, pai do empresário Eike Batista e era toda formada por pessoal da Vale à disposição. Todos muitos sérios. Tanto que houve uma CPI do Senado Federal, um inquérito da Policia Federal e do Ministério Público e uma interna do ministério. Nunca fui acusado de nada nem podia ser porque o que aconteceu é que eram 20 lotes e 21 concorrentes sendo que ficaria logicamente de fora aquela que na época não tinha o porte das outras. A empresa que ficaria de fora acusou o resultado com as outras vinte o que não poderia ser de outra forma. O preço de todos era o menor admitido, não havia sobrepreço. De que sou acusado? E porque não fui demitido?
Portanto não fui acusado de corrupção, pois não havia corrupção. Nem eu nem ninguém do ministério.
Ai ,prosseguindo na baixaria, citam como condenação final uma frase dita por Dilson Funaro a Veja e publicada pela revista em que me acusava de “canalha”. Sabem por quê? Verão que o canalha não era eu que apenas defendi o governo, o contrariando. Tínhamos elaborado uma Exposição de Motivos solicitando verbas para a construção da Ferrovia Norte Sul que seria assinada por mim, pelo ministro da Fazenda (Funaro) e pelo ministro do Planejamento. Eu e o ministro do Planejamento havíamos assinado e faltava a de Funaro com quem eu já havia conversado e ele havia concordado em assinar. Antes de pegar a sua assinatura saiu a notícia de que o Presidente iria demiti-lo o que causou uma grande tensão. Como tudo já estava negociado me apressei para obter a assinatura que faltava. Quando cheguei a casa dele notei que não pretendia mais assinar e que queria colocar na imprensa que ele estava saindo do governo porque havia se recusado a assinar a EM dando dinheiro a Norte Sul.
Aquilo se configurava numa molecagem pois ele sabia que não era por isso e sim pelo naufrágio do Plano Cruzado que ele conduziu mal. Fiz um apelo e o convenci a assinar e ele me pediu que segurasse a publicação e deixasse para fazer isso depois. Ele me garantiu que não iria divulgar que saia por causa da ferrovia, tão combatida na época, e então me comprometi a segurar a publicação até a sua saída. Mas ele não resistiu e em entrevista coletiva ele falou que saia porque havia se recusado a assinar os recursos para a NS. Aí não tive dúvidas nenhuma em chamar a imprensa e mostrar a todos a assinatura do ex-ministro no documento derrubando a sua versão. Tudo isso está na Folha de São Paulo da época é muito fácil mostrar tudo isso. Ele então resolveu me agredir, mas o canalha não foi eu.
Por fim vem com a operação Navalha. Aquilo na verdade foi uma vingança, não só contra mim, mas envolvendo muitos integrantes do meu governo, pela derrota de Roseana Sarney em 2006. Quem leu o inquérito e ouviu as gravações vai ver que quem realmente participa de tudo são vários membros da oligarquia. Existem gravações hilárias de gente da família pedindo dinheiro, mas ninguém da oligarquia foi indiciado. Mas está tudo aí e muitas dessas coisas foram publicadas na imprensa nacional. Eu fui pesadamente acusado por coisas que não tem a menor sustentação. As pontes estão no lugar certo e muito bem executadas conforme atestados de órgãos federais que tenho em meu poder. O carro está preso em uma interpretação descabida de gravações de terceiros. Não tem uma única minha, diretamente. A licitação que me acusaram de dirigir para a citada empresa em troca do carro já havia sido realizada quando me prenderam, estava tudo publicado nos Diários Oficiais tanto da União quanto do Estado e a empresa acusada nem da licitação participara.
Enquanto isso, poderiam me explicar o que Fernando Sarney fazia na Valec? Porque foi acusado e indiciado? Era lobby ou era algum emprego? Só queria entender…
José Reinaldo Tavares

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