Por Paula Castro
Até a presidente Dilma Rouseff cansou das desculpas esfarrapadas do ministro Edison Lobão sobre os apagões, que têm sido a marca da sua longa gestão no Ministério das Minas e Energia – a parte que cabe ao PMDB nesse latifúndio em que foi transformado o Brasil.
Os fenômenos naturais sempre foram responsabilizados (a propósito: a natureza é responsável?) pelos apagões e racionamentos a que o país está submetido há mais de duas décadas. Conversa para boi dormir.
Enquanto ainda se especulava sobre o apagão de duas horas e dez minutos no aeroporto Antonio Carlos Jobim, o principal do Rio de Janeiro, a presidente admitiu o que o contribuinte (que paga uma energia elétrica das mais caras do planeta) só ainda não ousava proclamar: “Raio cai todo dia nesse País, a toda hora. Raio não pode desligar sistema. Se desligou, é falha humana. Não é sério dizer que a culpa é do raio. A nossa briga é para impedir que, quando o raio cai, o sistema pare”.
Dilma, que já lembrara a impossibilidade de fazer ou não chover, escancarou o problema e sequer citou o nome do ministro, que é apadrinhado pelo presidente do senado José Sarney, por acaso ou não, também, do PMDB.
Com relação ao Tom Jobim, outrora conhecido por aeroporto do Galeão, “o sistema elétrico inteiro terá de ser trocado. No Rio de Janeiro, sempre que a temperatura passa de 40 (graus), a (concessionária) Light tem problema” – o serviço de inteligência do Planalto deve tê-la informado de que, em Manaus, “tem problema” quando chove (e chove mais de seis meses).
“Não podemos aceitar conviver com isso”, disse, enérgica, a presidente, para suavizar com a promessa de que governo investirá na manutenção da rede, em 2013, e lembrou que, antigamente, todos os recursos eram destinados somente à transmissão e à geração de energia, mas não à manutenção dos equipamentos, “por falta de verba”.
E muda de assunto a presidente, incentivando o usuário: “Quando falarem para vocês que caiu um raio, vocês gargalhem”. Com que cara fica Edison Lobão?
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