Enquanto mais de 100 mil funcionários irão entrar o ano novo na pindaíba e apelando para os comerciantes liberarem mais um fiado, boa parte dos prefeitos da maioria dos municípios do Maranhão inicia 2013 comendo caviar, tomando uisque, vinhos e champanhe das melhores marcas.
Alguns mais ousados não pagaram os meses de novembro, décimo terceiro e salário e dezembro. São três folhas que ficaram acumuladas para as gestões futuras.
Em boa parte os prefeitos não se reelegeram ou não conseguiram eleger seus candidatos. O pior é que os repasses do Fundeb, SUS, ICMs e FPM foram repassados integralmente e o dinheiro sumiu das contas das prefeituras.
Em alguns casos a solução foi a intervenção da Justiça que bloqueiou os recursos para pagamento dos salários dos servidores públicos. Assim aconteceu em 23 municípios.
Mas naqueles em não houve o bloqueio, os novos prefeitos pretendem pagar só a partir do começo de fevereiro o mês de janeiro e parcelar as folhas atrasadas. Uma martírio para que não recebeu e tem que honrar suas contas.
Nas cidades em que o atraso dos salários e do décimo terceiro deixou os funcionários de bolsos vazios, os prefeitos sumiram.
Em Arari aconteceu um caso inédito. O prefeito Leão Santos Neto, após receber informações privilegiadas de que a Justiça daquela cidade iria bloquear os recursos, transferiu as verba de uma conta para outra. E tudo com a cumplicidade da agência bancária local.
Ele alegou que a transferência foi necessária para garantir o pagamento dos fornecedores. E os funcionários não merecem receber os atrasados? Leão fugiu e rugiu mais longe: em São Luís, onde vai entrar o ano novo com tudo de bom e melhor.
Em Buritirana, o prefeito José Wilson Almeida renunciou três dias antes de encerrar o mandato, alegando que a Justiça Federal fez o bloqueio dos recursos. E fugiu da cidade.
Na cidade de Turiaçu, os professores fizeram manifestações desde quinta-feira pelo salário de dezembro e o décimo terceiro, mas o prefeito desapareceu. Em Chapadinha, os médicos cruzaram os braços e a cidade continua debaixo do lixo. Tanto em um caso quanto no outro os prefeitos receberam os recursos do Fundeb e SUS.
Até o período da tarde de hoje servidores estavam na porta da casa do prefeito de Tuntun, que fugiu pelos fundos e não pagou três folhas. Na cidade de Anajatuba o prefeito, antes de sumir, mandou avisar que o futuro gestor havia assumido com ele o compromisso de pagar todo o atrasado de uma vez só, no início de janeiro. Tudo mentira.
Feio também aconteceu em São Luís. O prefeito João Castelo deixou de pagar a folha de dezembro e nem ficou recurso disponível para pagar todos os funcionários.
Como se observa, o Maranhão é a terra da impunidade. Só haverá mudança de fato e de direito no dia em que um prefeito surrupiador for para cadeia, ao menos por um período de 20 anos ininterruptos, e os bens seus e de sua família forem levados a leilão e os resultados revertidos em favor das cidades prejudicadas. Do contrário, a farra permanecerá.
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