A Polícia Civil de São Paulo investiga se o paciente Daniel Edmans Forti, de 52 anos, atirou no seu médico, Anuar Ibrahim Mitre, de 65, por vingança. Em seguida, o atirador se matou. De acordo com policiais civis do 4º Distrito Policial, Consolação, ouvidos pelo G1, amigos de Daniel disseram informalmente aos investigadores que ele se queixava de uma operação malsucedida que Mitre fez na sua uretra. O paciente teria reclamado de impotência sexual e incontinência urinária em decorrência da cirurgia.
Medico Anuar Ibrahim |
O caso foi registrado no 4º DP como tentativa de assassinato seguida de suicídio. Na segunda-feira (15), Daniel, que trabalhava como médico do trabalho no Rio de Janeiro até ter seu registro cancelado, foi ao consultório de Anuar, na região central de São Paulo,onde não tinha consulta marcada, mas entrou com autorização da secretária do urologista. Em seguida, falou um palavrão, sacou uma arma e deu três tiros em direção ao médico.
Dois disparos atingiram Anuar: um na cabeça e outro no ombro. Uma terceira cápsula da arma foi encontrada nas roupas do urologista, que, apesar dos ferimentos, continuou consciente e pediu ajuda a secretária. Logo depois, Daniel teria colocado a arma na própria boca e atirado. O disparo transfixou sua cabeça e ele caiu morto na sala do médico.
Daniel |
A secretária, que não teve seu nome divulgado, pediu ajuda a uma funcionária de outro consultório. Médicos do Hospital Sírio-Libanês, que fica em frente ao prédio Medical Center, na Rua Dona Adma Jafet, região central da capital paulista, onde Anuar tem seu consultório, socorreram o urologista. A vítima é integrante do Conselho Consultivo do Instituto de Ensino e Pesquisa do Sírio, professor de urologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e esteve à frente da primeira cirurgia realizada por robótica no Brasil em 2008.
Apesar de o Sírio Libanês não informar o estado de saúde de Anuar desde sua internação, policiais afirmaram à equipe de reportagem que o urologista está estável, mas com gravidade. A bala que atingiu sua cabeça não teria atingido o cérebro do médico, mas a lesão mereceu cuidados especiais.
Segundo investigadores, amigos de Daniel disseram que ele estaria em depressão após a operação realizada por Mitre em sua uretra. Ele, que era médico do trabalho no Rio, teria sofrido um acidente de motocicleta há alguns anos que lesionou essa região do corpo. Depois, se submeteu a uma cirurgia com o urologista, que não teria dado certo, lhe causando problemas de impotência e incontinência. As informações foram passadas informalmente aos policiais. Até a manhã desta terça-feira (16) os amigos de Daniel ainda não haviam prestado depoimentos.
Paciente
O prontuário médico de Daniel, sua ficha sobre a operação que se submeteu na uretra serão requisitados pela investigação para tentar esclarecer a motivação do crime. A principal suspeita continua sendo a de vingança, mas não estão descartadas outras hipóteses _que não foram divulgadas.
Por enquanto, só duas pessoas testemunharam no caso. A secretária de Anuar e uma funcionária de um outro consultório que pediu socorro à Polícia Militar. Aos policiais, a secretária confirmou o que já havia dito ao G1, que Daniel entrou no prédio, falou um palavrão e atirou no seu patrão, sem motivo aparente. A outra mulher só relatou que acionou a PM.
Além da arma apreendida com Daniel, outro revólver e uma faca foram apreendidos no consultório do médico. A investigação quer saber de quem são essas duas outras armas. Para isso, planeja ouvir Anuar, que continua internado no Sírio, sem previsão de alta.
Um outro médico, que ajudou no socorro do urologista, também será chamado a prestar esclarecimentos.
Imagens de câmeras de segurança do prédio Medical Center foram vistas pela polícial. Nelas, as cenas mostram as entradas e saídas do urologista e do paciente, mas não exibem o momento do crime.
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