quinta-feira, 29 de março de 2012

Vai recomeçar: Índios Guajajara fazem reunião para definir futuro da BR 226


Logo na entrada da Aldeia Coquinho, toras de madeiras tomando uma das faixas da BR registram o alerta do sinal vermelho, que pode ser fechado a qualquer momento caso não se tome providências. A reunião ocorreu por volta das 15h30min em um prédio escolar da Aldeia, boa parte da comunidade indígena que se preocupa com o problema, se fizeram presente no local juntamente com os líderes e caciques.

Participaram da reunião, o promotor de justiça da comarca de Grajaú Dr. Carlos Róstão, Dr. Ricardo inspetor da PRF, Nelson Junior, tenente da Força Tática, Cacimiro Guajajará líder indígena, Marciliano Guajajara também líder, Domingos Preto representante de Alto Brasil, Madrugada chefe de posto e Luciano Guajajara cacique da Aldeia.
O líder informou, que o prefeito ou seu representante foram solicitados no local, mais nenhum compareceu. As reividicações são as mesmas que foram apresentadas em nota enviada a este blog e, a várias autoridades, o líder Cacimiro Guajajara, disse no encontro que estava feliz pelo motivo das autoridades terem atendido o clamor da sociedade indígena, que esse problema se arrasta há anos e nenhuma providência foi tomada.
Informou que quando se trata da questão assalto, a sociedade generaliza, que a culpa recai sobre os índios, quando na verdade são brancos infiltrados nas Aldeias que praticam as irregularidades, assombrando caminhoneiros e demais motoristas, principalmente passageiros de ônibus e vans. Informou ainda que não nega que existem um ou dois índios induzidos com esses meliantes, a fazerem os assaltos, mais um é um e não se trata de todos os índios.
Cacimiro disse que juntamente com os demais, querem medidas urgentes, para a retirada imediata destes bandidos dentro da área da reserva. Segundo ele a reunião é um assunto que é de interesse de todo o Maranhão, a imprensa estadual teria que está presente disse ele, pois se trata de um problema que afeta todo o Estado.
O chefe de posto Madrugada, disse que as reivindicações tem que ser colocadas com mais aprofundamento e mais bem colocadas, para que o governo se mobilize com a situação. Classificou que na Aldeia já foi registrado casos de estupros, pessoas como reféns, pessoas de todos os tipos que aborrecem e causam prejuizos à população indígena, disse que acha justo essa manifestação pacífica com a presença das autoridades, pois é daí onde sairá mais e mais problemas para juntar se a uma só questão.
Falou que lamenta a falta das demais autoridades que não compareceram, que hoje os indígenas estão mais apitos a negociar com pacificação e calmaria, diferente de antigamente quando se exigia na base da ação direta. O inspetor da Polícia Rodoviária Federal, disse que tudo o que presenciou será passado ao superintendente da PRF, para que se começe a tomar as medidas necessárias, acrescentou que a polícia Rodoviária tem conhecimento de todo o problema da reserva, mais só podem entrar em ação, após uma ordem direta da superintendência. Disse que para se agir é necessário as informações, que a comunidade indígena possam repassar essas informações, para quando agirem já conseguir ir ao foco da situação.
Informou que acredita na resolução do problema, basta que todos se unam com firmeza, para combater de vez essa situação, que muitas pessoas são prejudicadas por falta deste consenso que intriga índios e motoristas que trafegam na BR 226. Que todas as medidas serão tomadas para banir de vez os culpados pelas ações na reserva. E disse mais: “Ou eles vão embora de vez da reserva quando começar a nossa ação, ou eles irão bater de frente com a polícia”.
O promotor de justiça de Grajaú Dr. Carlos Róstão, disse que é necessário que se tome as medidas cabíveis, que ele não pode garantir a instalação imediata de um posto da PRF no local, mais irá fazer o que for possível para buscar junto aos parceiros e orgãos competentes essa segurança no local. Que o problema não pode ser jogado de um lado a outro, alguém tem que tomar essa iniciativa para que haja interesse dos demais sobre o caso, que sua promotoria está a disposição para qualquer medida, que essa luta por melhorias na reserva dependerá de iniciativas como estas, junção de forças e coversas para um bom entendimento etc…
Luciano Guajajara, que é o cacique da Aldeia, informou que vive praticamente preso dentro da reserva, pois ja foi ameaçado de morte pelos marginais que assaltam na área, caso ele denuncie algum. O povo da Aldeia vive com medo dos bandidos, pois tudo está passando dos limites, com tantos assaltos e bandidagem na área, os próprios jovens indígenas estão pagando pelo caos. Caminhoneiros tentam passar por cima de rapazes indígenas que se dirigem para a escola, pois acham que todos eles fazem parte do grupo de bandidos que age no local disse o cacique.
O tenente Nelson acrescentou que está junto nessa luta, que sempre que for necessário, estará dando sua parcela de contribuição e deu exemplos: “Já vim com a patrulha várias vezes altas horas da madrugada, nas reservas indígenas, sempre passando pela BR para trazer pelo menos um pouco de nosso trabalho às pessoas, no carnaval a viatura passou por aqui várias vezes a noite para dar segurança aos que trafegam na BR”.
Todos nós sabemos que este caos já se arrasta por vários anos, desde que começou, os índios apenas fechavam a BR 226 nos anos 90 e, na impensa nacional na quela época, nunca foi notíciado assaltos nas reservas, hoje a infiltração dos povos brancos no habitat natural dos índios contaminou a raça e acima de tudo desmoraliza os ancestrais da cultura Guajajara.
No dia 11/04/2012 acontecerá uma reunião maior na localidade para decidir por essa situação.
Veja abaixo a nota de reividicações
Os líderes das Aldeias Coquinho, emitiram nota a este blog esclarecendo as exigências dos povos indígenas da região, para a garantia da segurança na área que compõe a BR 226.
A nota diz o seguinte:

“Diante das constantes ondas de assaltos na BR 226, os caciques e lideranças indígenas interditaram uma via da BR 226, para uma medida de segurança na mesma que liga aos municípios de Grajaú e Barra do Corda, passando nas áreas que se dominam a reserva Guajajara.
As propostas exigidas são:
Três postos da PRF (Polícia Rodoviária Federal), um no povoado Sabonete, outro na Aldeia Coquinho e mais um no povoado Santa Maria. Quatro barreiras eletrônicas, para evitar o acúmulo de quebra molas e quinze patrulheiros, para trafegar na BR dando segurança aos indígenas e motoristas.
Na nota os indígenas informam que a interdição da BR 226 é, um ato de chamar atenção das autoridades competentes, para que se tomem medidas de segurança contra crimes cometidos por não indígenas nas reservas. Os índios ainda solicitam a presença dos órgãos competentes do governo do Estado e Federal, inclusive a presença do presidente da FUNAI-DF, Ministro da Justiça, Ministro dos Transportes, Ministro da Saúde, Secretaria Indígena Nacional, Superintendência da Polícia Federal-MA, Secretario de Segurança Pública-MA, Superitendência da PRF Nacional e Ministério Público Federal do Maranhão.
A nota ainda acrescenta que a segurança pública é de responsabilidade do governo Municipal, Estadual e Federal. Os indígenas alegam que essas reivindicações são antigas e nenhuma providência foi tomada. Eles ainda comunicam que para maiores medidas, por volta das 19:h00min a BR 226 será fechada e abrirá as 06:h00min da manhã, o prazo para o fechamento geral está previsto para o dia 04/04/2012, caso não seja tomado as providências”.
Djacy Oliveira
De Olho em Grajaú 

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