quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Senador do Amapá acusa Sarney de perseguição e João Alberto sai em defesa

Senador Randolfe Rodrigues
Senador Randolfe Rodrigues
Após uma reunião do grupo dos senadores independentes, o senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) subiu à tribuna do Senado na tarde desta terça-feira para denunciar uma suposta perseguição que estaria sofrendo por parte de senadores, por conta de sua atuação em defesa de projetos moralizadores.
Em um discurso que, somado aos apartes, durou quase duas horas, Randolfe afirmou que uma denúncia feita pelo ex-presidente da Assembleia Legislativa do Amapá Fran Júnior está até hoje no Conselho de Ética do Senado servindo como uma espada sobre ele e o senador João Capiberibe (PSB-AP). Ele denunciou pressões que estariam sendo feitas a ele pelo líder do PTB, Gim Argello (DF).
— Eu não posso aceitar e admitir que esta história não fique às claras, que esta história vire conversa de escaninhos, conchavos de bastidores. Na quarta-feira pela manhã, aprovamos um projeto de resolução que institui a ficha limpa para a contratação de assessores nos gabinetes dos Senadores. Eu procurei as lideranças para buscar a urgência para podermos colocar em votação esse projeto e aí recebi como aconselhamento… Acho até que pode ter sido na melhor das intenções. O Senador Gim me disse: “Randolfe, há um procedimento aí no Conselho de Ética. É melhor você resolver logo. Conversar com o Senador João Alberto”. Eu respondi ao Senador Gim Argello dizendo o seguinte: “Este procedimento nós temos que resolver às claras, não podemos resolver reservadamente” — afirmou.
Na semana passada, Randolfe havia confidenciado a interlocutores que entendeu a fala de Argello como uma ameaça velada. Hoje, minutos antes de subir na tribuna, no entanto, Randolfe foi interpelado pelo senador que disse que estava solidário a ele caso ele estivesse sido ameaçado.
— Não posso admitir a submissão por conta de um procedimento que não é encerrado, que não é fechado, por conta de um procedimento que fica pairando como se fosse espada de Dâmocles sobre nós. E não posso e não aceitarei curvar a coluna para isso, pois aprendi que a minha coluna só se curva duas vezes: ao Deus, pai do céu, e aos meus pais aqui da terra, e ao povo da minha terra, que me designou para cá. Por isso, não é isso que vai fazer a coluna curvar — disse Randolfe, completando mais tarde: — Ou seja, o Procurador da República não só diagnosticou a inexistência de qualquer veracidade sobre a denúncia quanto a mim e quanto ao Senador Capiberibe, como também pediu a investigação de falsidade documental, mais uma vez – mais uma vez! – contra esse denunciante.
Em um dos apartes mais vigorosos em apoio a Randolfe, o senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE) disse que daria “nome aos bois” e acusou o ex-presidente José Sarney (PMDB-AP), principal aliado do presidente do Conselho de Ética, senador João Alberto (PMDB-MA), de estar por trás das denúncias.
— A gente tem que enfrentar isso com clareza e com transparência, sem subterfúgios. Acho que é o ex-Presidente desta Casa, José Sarney, que está por trás disso. Primeiro, porque o Presidente do Conselho de Ética não faz nada sem ouvi-lo. Ele não faz absolutamente nada sem ouvi-lo. É do Estado do Maranhão. Repare que coincidência. São três Senadores — cada Estado tem três Senadores da República: vossa excelência, Randolfe, e o ex-Presidente da República José Sarney, que não se encontra aqui. Então, seria importante que, quando ele se recuperasse, falasse ao País, sem querer dar lições a ninguém, explicando por que um pupilo dele, uma pessoa que é do Estado dele, que não contraria a orientação dele, ainda não resolveu isso no Conselho de Ética — afirmou Jarbas.
Senador João Alberto
Senador João Alberto
Ao fim do discurso, o presidente do Conselho de Ética subiu à tribuna para afirmar que dentro da denúncia que recebeu havia um laudo do perito Ricardo Molina afirmando ser legítimo o documento que comprovaria o envolvimento de Randolfe com um mensalinho no estado do Amapá. Ele afirmou ainda que não vai arquivar o caso de imediato.
— O perito afirma que saíram do punho dele a assinatura. Como é que posso mandar isso para a arquivo — explica Alberto.
Randolfe encerrou o debate em tom exasperado:
— Fui ameaçado de morte por essa quadrilha quando estava no no estado do Amapá e não aceito ser ameaçado de novo. Não aceito ser ameaçado de novo, meu filho de 5 anos foi ameaçado por esse esquema 14 anos atrás, fui vítima e estou sendo vítima de novo — afirmou Randolfe.
Outro senador que apoiou Randolfe foi Pedro Taques (PDT-MT), que cobrou o arquivamento dos processos e disse que há “um cadáver putrefato no Conselho de Ética”.
— Estão utilizando instituições do Senado como instrumento de vingança — disse Armando Monteiro (PTB-PE).
Os processos que estão em curso contra Randolfe no Conselho de Ética dizem respeito a denúncias da década de 1990, quando Capiberibe era governador do Amapá e foi acusado de ter feito pagamentos de R$ 20 mil para deputados aliados, entre eles a Radolfe.
A denúncia, que foi feita ao Senado por um cidadão, foi encaminhada por Renan Calheiros (PMDB-AL) para a Procuradoria Geral da República (PGR), que a considerou improcedente e arquivou. Mesmo assim, o Conselho de Ética continua com os processos.
Renan encaminhou o processo à PGR em março deste ano, mas Gurgel arquivou o caso. Os senadores dizem que a acusação foi fraudada por documentos na época, uma vez que Randolfe era o único aliado de Capiberibe na Assembleia Legislativa do Estado. Apesar do arquivamento pela procuradoria, o conselho mantém o caso em aberto.
— Há perícias técnicas na polícia do Amapá que comprovam tudo ser falso. A procuradoria também já arquivou esse acaso— disse Capiberibe.

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