Arthur Zanetti declarou, ainda em Londres, que não tinha noção da dimensão do seu feito nas Olimpíadas de 2012. Esta quinta-feira serviu para o primeiro ginasta latino-americano a ganhar uma medalha de ouro olímpica perceber que sua vida mudou definitivamente a partir do título conquistado nas argolas. Ele agora é um ídolo nacional – com direito a desfile em carro de bombeiros em São Caetano do Sul, sua cidade natal e de onde não pretende sair.
Zanetti desembarcou no Aeroporto de Guarulhos no início da manhã. Uma multidão o aguardava: familiares orgulhosos com faixas de parabéns, amigos de infância, colegas de treino, curiosos e (muitos) profissionais de imprensa. A avó, os tios, os companheiros ou até os “conhecidos de vista” do campeão faziam questão de se identificar. “Essa medalha tem um pouco de mim”, era comum alguém dizer, com um sorriso de satisfação. “Quer dizer que o nosso campeão está chegando?”, perguntavam passageiros no saguão de Cumbica, aumentando a aglomeração.
Djalma Vassão/Gazeta Press
Quando Zanetti enfim apareceu (“após fazer algumas comprinhas no free shop”, conforme confidenciou uma fã que estava no voo do campeão), o tumulto foi inevitável. Com a sua medalha de ouro brilhando para os flashes, o ginasta precisou do auxílio de policiais e seguranças para vencer a multidão e ser empurrado até o carro que o esperava. Fez uma expressão de assustado diante das câmeras e, com seu 1,56m, desapareceu em meio à confusão. “Não deu nem para abraçá-lo”, frustrou-se uma tia.
O dia ainda seria de muitos afagos para Zanetti. Do aeroporto, o medalhista de ouro seguiu para um hotel para conceder uma concorrida entrevista coletiva. “A ficha está começando a cair. No avião, eu já estava sentindo o peso da medalha, com um monte de gente me pedindo para tirar fotos. E aquilo no aeroporto... Nunca tinha visto uma coisa assim na minha vida. Até fiquei assustado”, sorriu timidamente, assim que se pronunciou.
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As respostas de Zanetti eram seguidas de aplausos. Havia também quem derramasse lágrimas entre familiares e amigos. “É o meu neto ali”, sussurrava a avó, para si mesma. “Diz o que você quer comer, que eu vou preparar”, prometia a tia coruja. A cada vez que um dos conhecidos era citado pelo atleta, gritos e aplausos ecoavam na sala de coletiva. “Quero ficar com a minha família, com os meus colegas, aproveitando um pouco esse momento. Foi por causa deles que alcancei esse resultado”, discursou, humilde, para regozijo dos presentes. “Tem um aí que me chama de anão, mas é do meu tamanho”, brincou. Em seguida, fez uma série de agradecimentos – até para a sogra – com o devido cuidado de não se esquecer de ninguém.
Mas a alegria de Arthur Zanetti com a sua medalha de ouro não podia se resumir aos seus amigos. Afinal, o ginasta se transformou em um ídolo nacional. Após dar beijos na boca da namorada Juliana Francesco e na careca do técnico Marcos Gotto, ele foi ao encontro do povo em São Caetano do Sul, para fazer desfile em carro de bombeiros. “Nem sabia que teria isso para mim. Mas, se houver, quero os meus colegas lá em cima comigo”, disse.
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A festa de Arthur Zanetti será curta. O ginasta quer retomar os treinos com afinco – como faz há mais de uma década, desde que era um anônimo – já na segunda-feira para manter o estrelato nos Jogos Olímpicos de 2016, no Rio de Janeiro. “O primeiro passo para os próximos Jogos é voltar a trabalhar na semana que vem. O ano ainda não acabou para mim. Tenho mais competições nacionais e internacionais pela frente”, projetou, consciente de que suas ações passaram a servir ainda mais como exemplo. “As crianças que treinam em São Caetano já me fazem algumas perguntas. Sempre digo que, se você tem um sonho, é preciso colocar na cabeça que dá para realizar com trabalho e dedicação”, ensinou o ídolo.
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