sábado, 11 de agosto de 2012

Esquiva é batido na final por japonês e fica com a prata


Pela segunda vez em menos de um ano, os punhos do japonês Ryota Murata colocam fim ao sonho de Esquiva Falcão. Diante do mesmo algoz do Mundial de 2011 e por apenas um ponto (14 a 13), o brasileiro foi derrotado neste sábado na decisão do ouro da categoria médio (até 75 kg) e volta para casa com a medalha de prata no pescoço. Como prêmio de consolação, traz do ringue dos Jogos de Londres a façanha de ter sido o primeiro atleta do país em uma final olímpica do boxe.
Os caminhos de Esquiva e Murata haviam se cruzado em outubro do ano passado em Baku, no Mundial de boxe no Azerbaijão. Na oportunidade o japonês passou por cima do jovem brasileiro na semifinal da categoria, com vitória por 22 a 12. Desde então o filho da família Falcão guardou e cultivou o desejo de encontrar de novo o algoz em cima do ringue.
No Brasil, Esquiva pregou sete cartazes no quarto da concentração da seleção brasileira com a mensagem “campeão olímpico”. Já em Londres, o pugilista estudou incansavelmente vídeos de Murata durante as noites na Vila Olímpica.
Esquiva Falcão ganhou a primeira medalha de prata do boxe brasileiro
Luta
Apesar da preparação devotada, Esquiva começou o combate aparentemente nervoso e caiu no jogo do japonês. Murata atraiu o brasileiro para a curta distância e encaixou bons golpes para abrir 5 a 3 no primeiro assalto.
Na sequência o primeiro japonês em uma final olímpica do boxe passou a encurralar Esquiva nos cantos do ringue. O brasileiro teve que recorrer ao recurso de agarrar o rival para escapar da pressão. Murata levou vantagem mais uma vez no segundo assalto.
Esquiva foi para o “tudo ou nada” no desfecho do combate, mas encontrou o adversário se esforçando para não se expor. O brasileiro foi punido pela arbitragem por agarrar Murata, perdeu dois pontos e praticamente viu as chances de vitória se esvaírem de vez. A advertência acabou sendo determinante para a derrota: sem ela, o capixaba teria conquistado o ouro.
Assim, o brasileiro consegue a segunda medalha da família Falcão, que também comemorou nas últimas horas o bronze de Yamaguchi. Com a inspiração vinda do pai, um veterano pugilista ainda em atividade a despeito de seus 75 anos, Esquiva integra uma família numerosa - é um dos 15 filhos vivos de Touro Moreno. O medalhista teve infância e adolescência de privações materiais na região metropolitana de Vitória e chegou a flertar com a delinquência. Foi então mandado pelos familiares para São Paulo e se encontrou no boxe.
História
Toda esta história teve o desfecho na noite deste sábado. Montada em uma estrutura provisória dentro de um centro de exposições de Londres, a arena do boxe da Olimpíada viu um momento histórico do boxe brasileiro, que antes de 2012 jamais havia alcançado uma final.
Antes dos Jogos de Londres, a maior e até então única façanha do boxe do país em Olimpíadas aconteceu com Servílio de Oliveira, bronze nos Jogos de 1968, na Cidade do México [categoria mosca, até 51 kg].
A medalha de Esquiva completa a trinca de pódios do boxe brasileiro em Londres, que havia começado com Adriana Araújo na categoria até 60 kg. A pugilista baiana ficou com o bronze após derrota na semifinal, nos Jogos que marcaram a estreia da disputa feminina da modalidade.
A terceira medalha brasileira (a segunda da família Falcão nos Jogos) veio com Yamaguchi. Dois anos mais velho do que o irmão Esquiva, o meio-pesado (até 81 kg) terminou com o bronze depois da derrota para o russo Egor Mekhontcev na semifinal da última sexta-feira.

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