A equipe de advogados que defende Gláucio Alencar e José Raimundo Sales, o “Júnior Bolinha”, entrará com pedido no Tribunal de Justiça para que seja dado acesso total e irrestrito ao processo policial do Caso Décio Sá.
Os advogados aguardarão até segunda-feira, 18, pela liberação dos autos pela polícia, e caso não ocorra, levarão ao tribunal pedido de acesso ao inquérito. Segundo eles, a polícia tem dificultado o trabalho da defesa.
“Ainda não entramos com pedido de habeas corpus por não termos conhecimento do conteúdo do inquérito. O que sabemos até o momento é que a polícia incriminou nossos clientes a partir do depoimento de uma única pessoa, que pode perfeitamente mudar todo o relato”,disse o advogado Armando Serejo, que participa da defesa da dupla junto com o irmão, Benevenuto Serejo.
Após análise do conteúdo do inquérito, os advogados darão início à construção da tese de defesa para pedido de habeas corpus dos dois clientes.
“Teremos que aguardar o processo policial para podermos nos posicionar. Não foi feito pedido de habeas corpus por falta de conteúdo fático probatório para construir a defesa do pedido e juntar ao processo”, explicou Serejo.
Questionado sobre a estratégia da defesa para dissociar Gláucio do crime, uma vez que a polícia afirma ter provas do envolvimento dele como quem teria encomendado o assassinato, Serejo diz ser “prematuro emitir conclusões neste momento”. Segundo ele, sem acesso a todos os depoimentos não há como construir a defesa e desfazer das acusações.
O advogado acusa os delegados de agirem contrários à lei quando não tornam acessíveis os materiais probatórios que possuem para fundamentar as acusações. “Tal cerceamento dificulta nosso trabalho de construção da tese defensária”, reitera.
Serejo insiste que não há como construir provas factíveis contra seus clientes a partir do depoimento de uma única pessoa, que bem poderia alegar ter sido coagida ou negar tudo o que revelou até agora e até dizer que nem conhece as pessoas por ele citadas.
Para ele, a tese policial foi construída de maneira equivocada. No entanto, não soube explicar como Jhonatan de Sousa, acusado de executar Décio, apontou Gláucio como quem teria encomendado o crime e conseguido a quantia de R$ 100 mil, valor cobrado pela execução do jornalista.
Quanto ao patrimônio de Gláucio, que segundo suspeita da polícia, é fruto da prática de agiotagem, o advogado nega e diz que todos os bens são resultados de sua atuação como empresário.
Segundo o advogado, Gláucio atuaria a mais de 10 anos no ramo de construção civil e no fornecimento de merenda escolar a diversas prefeituras. Ele atribui a essa atividade a linha de investigação da polícia que liga o cliente à agiotagem.
“Gláucio trabalha com prefeituras no fornecimento de alimentação. Nada tem a ver com a prática ilegal da qual acusa a polícia”, afirma o advogado.
Gláucio confirma negócios com prefeituras
Durante depoimento na manhã de ontem, desta vez, oficialmente, Gláucio confirmou que emprestava dinheiro a prefeituras e com estas mantinha negócios, mas negou qualquer envolvimento com o crime de assassinato do jornalista.
O depoimento foi prestado ao delegado Jeffrey Furtado, da Delegacia de Homicídios, que ouvirá oficialmente nos próximos dias José de Alencar (pai de Gláucio) e “Junior Bolinha”. A partir destes depoimentos a polícia vai traçar a linha de reconstituição do crime, prevista para a próxima semana.
Jonathan Sousa Silva, acusado de executar o jornalista, foi o primeiro suspeito ouvido oficialmente pela polícia. Ele apontou Gláucio como a pessoa que teria conseguido a quantia de R$ 100 mil pela execução da vítima.
Mais três envolvidos estão sendo procurados e com mandado de prisão temporária já decretada pela justiça.
A polícia procura pelo motociclista parceiro do executor, que estaria no Pará; um outro participante identificado apenas como “Neguinho”; e um terceiro homem, cuja identidade não foi revelada. Estes dois últimos estariam em São Luís, segundo a polícia.
Inquérito sob sigilo
Os autos do processo não foram, em momento algum, negados às equipes de advogados dos presos. O material está disponível para a defesa das partes, afirmou o superintendente de Polícia Civil da Capital (SPCC), delegado Sebastião Uchôa. Para tanto, conforme rege a lei, basta que os advogados façam requerimento oficial do material, explica o delegado.
O superintendente esclarece que há peças do processo que permanecem em segredo de justiça, mas que pode ser feita solicitação dos documentos, assim que for concluído o inquérito.
“Os advogados precisam se habilitar por meio de procuração dos seus clientes autorizando-os a ter acesso aos autos”, disse Uchôa. E enfatizou: “O inquérito ainda não foi concluído e parte dele está sob segredo de Justiça”.
Uchôa reiterou ainda que a polícia conta com a compreensão e sensibilidade da justiça. Segundo ele, não há chances de concessão de habeas corpus aos detidos considerando“as provas robustas e incontestáveis enviadas à justiça pela polícia”.
O delegado diz que pode ser pedida a prorrogação da prisão temporária ou a conversão em preventiva. De outra forma, explica ele, os acusados podem continuar detidos por outros crimes, que podem ser imputados a eles a partir das provas coletadas.
Na lista constam homicídio, formação de quadrilha, lavagem de dinheiro, corrupção, agiotagem e crimes contra a ordem financeira, administrativa, economia popular, administração pública e tributária.
As informações são do Imparcial
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