José Carlos Madeira (juiz federal da 5ª Vara da Justiça Federal do Maranhão)
Neste instante de dor, o sofrimento de uma Nação que fez do futebol sua paixão mais genuína – oh! alma de chuteiras que paira soberana sobre os campos de várzeas em extinção, sobre as ruas esburacadas das periferias e sobre os estádios suntuosos e inúteis erguidos por mãos de generosos excluídos! – deve ser contido por instantes para uma reflexão.
Uma derrota desta magnitude, que fere a alma e macula uma história de tantos heróis e tantas glórias, apenas expõe as vísceras da incompetência, da arrogância, da bandalheira e do escárnio dos que fazem do futebol um negócio; um negócio sórdido, sem muita diferença dos negócios criminosos, movimentando milhares de reais para o ócio de uma elite de velhos canalhas.
Serve para repensar sobre essa importância que atribuímos ao futebol.
Não seria o momento de iniciarmos uma nova jornada e passarmos a nos preocupar, também, e com a mesma intensidade com que nos entregamos à paixão do futebol, com temas mais próximos e mais reais?
Pensar nos desmandos dos Governos, na corrupção que sangra a economia e as forças produtivas do País, na impunidade dos homens maus… Pensar em desmontar, enfim, esses edifícios carcomidos do Poder e construir uma nova Nação, que seja mãe gentil e não madrasta de um Povo que em dolorosa letargia…
Quando a alma sangra a razão não pode sangrar!
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