quarta-feira, 14 de novembro de 2012

José Dirceu e o futuro do PT…


Por Christina Lemos
José Dirceu
José Dirceu
O personagem decisivo para a formação e afirmação do mais importante partido do país está na iminência de ser recolhido à prisão. Vivemos apenas o primeiro impacto deste fato, que ainda reverberará por muito tempo.
Antes e depois de encarcerado, José Dirceu seguirá influente no modo de pensar de um amplo e relevante grupo de brasileiros – posição que aumenta sua responsabilidade pública, mesmo e porque atrás das grades.
São muitos os exemplos de prisioneiros que compreenderam este papel e, com sabedoria, converteram a decisão judicial desfavorável em lição de vida. Dirceu não é Gandhi, nem Mandela, nem tampouco será preso pelas mesmas nobres razões que levaram estes ícones históricos ao cárcere, mas tem uma oportunidade única de aprender com eles como agir.
O futuro do PT depende de como o partido superará o atordoamento da decisão judicial. Neste momento, são compreensíveis e humanas as reações de líderes e militantes – até mesmo as mais irracionais.
Mas será extremamente danoso para o partido e para a massa de militantes e simpatizantes do PT se seus dirigentes estimularem o sentimento de rejeição à determinação judicial ou de descrença no funcionamento das instituições.
O ódio e o inconformismo reacionários em nada colaborarão para o amadurecimento das relações políticas. Ao contrário, serão os principais aliados de um retrocesso ao qual o PT não deve se associar.
José Dirceu parece ter vindo ao mundo para trilhar uma trajetória absolutamente incomum. Seja como líder, herói, fugitivo, clandestino, estrategista, articulador poderoso, demitido, cassado, réu, condenado ou prisioneiro – não há adjetivo que não se encaixe com perfeição a Dirceu, a depender do momento de vida ou do ângulo que se enfoque de sua personalidade. Uma tal biografia cobra seu preço.
Caberá ao próprio Dirceu escolher um lugar na História: se ao lado dos que compreenderam o sentido maior dos fatos da vida e transitaram da condição de proscritos para a de referência; ou se ao lado dos insignificantes, banidos e finalmente esquecidos.

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