O deputado Raimundo Cutrim voltou com o pedido de criação de uma CPI para apurar o esquema de agiotagem no Maranhão. Dos 42 parlamentares, apenas seis tiveram coragem de assinar o pedido, sendo o próprio Cutrim, Bira do Pindaré, Zé Carlos do PT, Neto Evangelista, Cleide Coutinho e Eliziane Gama.
O presidente do parlamento maranhense, Arnaldo Melo, a exemplo de 2012, se adiantou com a desculpa esfarrapada de que a agiotagem e seus tentáculos estão sendo investigados pelas policiais Federal e Civil. Sim, mas uma coisa não invalida outra. Ao contrário, só colabora.
A Polícia Federal e a Civil investigaram o crime organizado no Maranhão, ao mesmo tempo em que foi criada uma CPI pela nossa Assembleia Legislativa com a mesma finalidade. O resultado foi à cassação de dois deputados e a prisão de empresários, políticos e até delegados.
Mas Arnaldo Melo é crente que engana a gente. Ele quer evitar a criação de uma CPI porque sabe das ligações indiretas dos agiotas com a Assembleia Legislativa, do cordão financeiro umbilical de dezena de deputados com o esquema da agiotagem, sendo alguns ativos e outros passivos. Uma relação de promiscuidade que só Melo sabe a exata dimensão.
Dos atuais 42 deputados, oito emprestam dinheiro, sendo que Marcos Caldas foi o único até agora a legalizar o negócio criando uma empresa de factoring. O restante continua agindo na ilegalidade.
A presidência da Assembleia do Maranhão sabe perfeitamente bem que agiotas transitam com desenvoltura pelos corredores e gabinetes de deputados, alguns até ameaçando parlamentares dentro da sua própria Casa Legislativa.
Pacovan, um dos maiores agiotas do Maranhão, bate o ponto entre vários gabinetes de deputados sempre no dia do recebimento dos salários e na liberação das verbas de gabinete e indenizatória. O deputado Heméterio Weba, por exemplo, tem o número exclusivo (8893-1514) só para conversar com Pacovan e tratar das dívidas ou de renová-las.
O Palácio dos Leões não move uma pedra para impedir as investigações e muito menos se mostra contrário a uma criação de CPI para apurar os empréstimos ilegais. A decisão é pura e unicamente da presidência e da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa, assim como da ampla maioria dos deputados enrolados com a agiotagem.
O que causa estranheza é o silêncio sepulcral da bancada da oposição, exceto Bira do Pindaré, Cleide Coutinho e Neto Evangelista. O próprio líder da oposição, Rubens Júnior, que tem a mãe prefeita, não quer nem saber do assunto. Por qual razão deputado? O Maranhão quer saber? Explique da tribuna a razão do seu silêncio?
Mais esquisito ainda é o estado de mudez do altivo e combatente deputado Marcelo Tavares. Ao contrário das mulheres pera, uva, melancia, maçã e goiaba que não têm medo de se expor, Tavares age como quiabo, escorregadio, liso e fingindo que nada sabe. Cadê sua bravura deputado Marcelo Tavares? O que ele impede de assinar a lutar pela criação da CPI? Aliás, Tavares nunca foi esquerda, mas sempre destro.
Deputada Gardêninha Gonçalves, outra da oposição, não vai assinar nunca uma CPI em que ela terá que depor para explicar os R$ 400 mil que teria recebido de Gláucio Alencar, conforme depoimento da viúva de Fábio Brasil.
O que esperar de um Poder Legislativo que não tem coragem de cortar na própria carne? Nada.
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