“Eu farei a avaliação clínica dela na próxima segunda-feira, 2, mas conversei com colegas que já a atenderam e realmente se trata de um caso de hipertricose. O tratamento indicado é exatamente com o laser e faremos de tudo para viabilizá-lo”, disse o médico.
Calil ressalta que o tratamento nesses casos é demorado e os resultados aparecem a longo tempo. “O caso da Kemilly é o mais grave que já tive conhecimento. Ela tem muitos pelos, até mesmo na face, e as aplicações com laser deverão ser feitas aos poucos. Isso significa que ela será submetida a uma seção por mês, durante alguns anos. Primeiro vamos iniciar e ver como ela reage. A tendência é que a quantidade de pelos reduza com o passar do tempo”, disse o médico.
Autorização do SUS
Após avaliar a menina, o cirurgião disse que o HMI irá contatar o Sistema de Regulação do Sistema Único de Saúde (SUS), para que seja autorizado o tratamento. “Farei de tudo para dar certo, pois temos a tecnologia necessária para ajudá-la”, afirmou.
O pai de Kemilly, o eletricista Antônio de Souza, 34 anos, disse que ficou entusiasmado com o interesse do HMI em ajudar, mas que vai aguardar o parecer dos médicos do Hospital das Clínicas, onde a criança passou por consulta e irá apresentar exames, para comemorar. “Primeiro, precisamos saber se ela poderá mesmo ser submetida ao laser. Caso positivo, vamos dar um jeito de permanecer em Goiânia para que ela seja tratada.
Mas se tivermos que esperar que ela fique mais velha, aí voltaremos para Augustinópolis e vamos esperar. Quero o bem dela e só farei aquilo que não ofereça riscos”, ressaltou o pai.
A mãe, a dona de casa Patrícia Batista Pereira, 22 anos, relatou que os exames a que a menina já foi submetida não apontaram nenhum problema de saúde e que os médicos acreditam que o problema dela seja genético. “Tenho esperança dede que desta vez descubram mesmo o que ela tem e possamos tratá-la. Isso vai nos aliviar muito.”
Preconceito
Segundo a mãe, a aparência da menina causa espanto e eles já foram hostilizados várias vezes. Com isso, evitam sair de casa. “Até o parquinho que tem nas proximidades de casa eu evito, pois as outras crianças se afastam dela e os pais também não conseguem esconder o espanto. É uma situação muito constrangedora”, lamenta.
Patrícia lembra que desde o nascimento já percebeu que os pelos cobriam todo o corpo da criança, mas que eles foram escurecendo ao longo do tempo. “Já fizemos de tudo o que se possa imaginar para tentar descobrir o que ela tem. Felizmente, a Kemilly é saudável e se desenvolve como uma criança normal. O problema mesmo é o excesso de pelo em todo o corpo. Só os pés e as mãos delas não têm”, destacou.
Ainda segundo a dona de casa, Kemilly ainda não entende de fato o que acontece com ela, mas já percebe que é diferente. “Quando ela vê outra criança fica olhando e se esconde no cantinho. Uma vez ela já me perguntou porque ela tinha tanto ‘cabelo’ e eu disse que era normal. Mas ela insistiu e pediu para que eu os arrancasse. Meu coração ficou partido”, contou Patrícia.
A menina já recebe acompanhamento psicológico na cidade onde mora, mas a mãe teme que o excesso de pelos faça com que ela cresça com traumas. “Já flagrei mais de uma vez a Kemilly tentando arrancar os pelos do braço sozinha. É claro que dói e aí ela para. Por enquanto, eu converso, o pai brinca e ela acaba se distraindo. Mas até quando? Por isso, estamos desesperadamente em busca de ajuda. Mesmo que não tenha uma cura definitiva, vamos fazer o necessário para que ela possa se sentir igual aos outros”.
(G1)
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