O delegado Maurício Luciano, da 17ª DP (São Cristóvão), disse em entrevista coletiva, na tarde desta sexta-feira (7), que a polícia tem a convicção de que o artefato que atingiu o repórter cinematográfico Santiago Ilídio Andrade, da TV Bandeirantes, não foi lançado pelas forças de segurança do estado.
“A gente tem a convicção pela avaliação dos especialistas de que esse artefato não foi deflagrado pelas forças de segurança. Foram colocados pelas pessoas que estavam participando da manifestação. Isso a polícia já pode concluir”, disse o delegado.
O cinegrafista foi ferido quinta-feira (6) durante protesto que acabou em confronto entre manifestantes e policiais nas imediações da Central do Brasil, no Rio e, às 18h desta sexta, seguia internado em estado grave no Hospital Souza Aguiar.
Luciano disse que vai analisar imagens da Prefeitura, do Exército (Comando Militar), da equipe de TV BBC e do próprio cinegrafista ferido para avaliar e identificar o autor.
Segundo o delegado, nenhuma fonte de investigação será descartada. “A gente também vai pedir imagens da SuperVia para avaliar a rota de fuga do autor”, disse. Ele afirmou que o artefato é um rojão de vara, também conhecido como rojão treme-treme.
“O artefato tem 60 gramas de explosivo. Apenas dois pedaços foram recolhidos no local. Este tipo de artefato é apreendido com frequência nas manifestações”, disse o técnico do Esquadrão Antibombas da Core Elington Cacella. Ele acrescentou que o explosivo é vendido em casas de fogos, mas a lei determina que o comprador seja maior de 18 anos e o lançamento, feito com autorização prévia.
Perito criminal
O perito criminal e professor de medicina da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) Nelson Massini afirmou, nesta sexta, que o artefato que atingiu o repórter cinematográfico é um rojão à venda em qualquer loja de fogos de artifício. A declaração foi dada após o docente analisar, a pedido da TV Globo, imagens e fotos em sequência com registros de momentos antes e depois de o cinegrafista ser atingido.
“É um rojão que pode ser comprado em qualquer loja de artifício e por qualquer pessoa. Não é uma bomba de fabricação caseira nem um cabeção de nego. São fogos usados em festividades”, explicou Massini, que afirmou também que o artefato não costuma ser usado pela Polícia Militar.
“Não é uma bomba de efeito moral que costuma ser usada pela PM. O rojão tem um sistema de detonação diferente. Na imagem aparece um tubo preto e o propulsor que impulsiona o rojão”, completou.
Santiago Ilídio foi atingido na cabeça durante protesto contra o aumento da passagem de ônibus realizado no Centro do Rio, na tarde desta quinta (6). Ele teve afundamento de crânio, passou por uma cirurgia de aproximadamente quatro horas. De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, no começo da noite desta sexta ele seguia internado em estado grave no Centro de Terapia Intensiva (CTI) do Hospital Souza Aguiar.
G1
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