Os pouco mais de sete mil torcedores que tiveram coragem de ir ao Morumbi na fria e chuvosa noite desta quarta-feira logo se deram conta de que a ideia não tinha sido boa. Depois de encontrar um estádio completamente escuro e esperar para que a energia fosse restabelecida, o público presente - quase todo ele tricolor - viu o São Paulo atuar sem Kaká e ser derrotado por 3 a 1 pelo Bragantino, de virada, muito em função também de uma atuação não habitual de Rogério Ceni.
O resultado, que elimina a equipe da capital e classifica o adversário para as oitavas de final da Copa do Brasil, foi surpreendente. Primeiramente porque foi o São Paulo quem abriu o placar, logo aos seis minutos, em cabeceio de Paulo Miranda. Mas a equipe do interior buscou o empate ainda no primeiro tempo, em chute aceito por Ceni. No retorno do intervalo, o goleiro ainda foi mal em duas cobranças de escanteio que permitiram a virada do adversário, que havia perdido o duelo de ida por 2 a 1, em Ribeirão Preto.
O próximo adversário no torneio será conhecido em sorteio a ser realizado na semana que vem. O São Paulo, mesmo eliminado, não lamenta tanto assim, pois disputará a Copa Sul-americana.
Djalma Vassão/Gazeta Press
O jogo - Nesta quarta-feira, uma queda de energia a pouco mais de uma hora antes do horário marcado para o início do jogo chegou a colocá-lo em xeque. Quinze minutos antes do jogo, porém, a energia foi restabelecida, e logo depois os dois times subiram ao gramado - o São Paulo, sem a música do AC/DC que tradicionalmente o embala da escadaria até o centro do campo. O silêncio só foi rompido com a execução do Hino Nacional.
Anunciada no telão - sem ajuda do alto-falante -, a escalação do São Paulo não tinha Kaká. Além do meia, nem relacionado foi o técnico Muricy Ramalho poupou também o zagueiro Rafael Toloi e o volante Denilson. Já o lateral direito Douglas foi vetado de última hora. Assim, a formação voltou a ter Maicon e, como único armador de três atacantes (Ademilson, Osvaldo e Alexandre Pato), Paulo Henrique Ganso. Na defesa, ganharam chance Edson Silva e Luis Ricardo.
Iniciado o jogo depois de um minuto mais de silêncio e com bandeiras a meio mastro, em luto pela morte de Eduardo Campos (candidato à presidência), o placar não demorou a ser inaugurado. Aos seis minutos, depois de escanteio cobrado por Ganso pelo lado direito, o zagueiro Gustavo Carbonieri escorreu no gramado olhado, e Paulo Miranda subiu sozinho para cabecear.
Três minutos mais tarde, o São Paulo poderia ter ampliado a vantagem não fosse Ganso ter adiantado demais a bola após ser acionado com liberdade na entrada da pequena área. O meia dominou de frente para o goleiro Renan, deu três toques na bola e cedeu apenas tiro de meta. Aos 13 minutos, Ganso ainda tentou completar cruzamento de Osvaldo com uma bicicleta e atrapalhou cabeceio de Pato. Talvez com receio de se machucar, o atacante meteu a cabeça na bola sem direção.
A facilidade com que dominava a partida fez o São Paulo relaxar, e o Bragantino não perdoou. Aos 22 minutos, em boa jogada trabalhada pelo lado esquerdo, Bruno Recife cruzou rasteiro para a entrada da área, e Cesinha finalizou de primeira para o gol. A bola passou por baixo de Rogério Ceni, que até estava no lance, mas não impediu o empate. Três minutos depois, sim, o goleiro se recuperou a tempo de evitar o que seria um golaço de cobertura de Bruno Recife de longe.
Precisando de mais um gol para levar a disputa da vaga para os pênaltis, o Bragantino se empolgou. Quase conseguiu aos 38 minutos. Após falta cobrada pela meia direita, a defesa afastou a bola apenas parcialmente, e um cabeceio de Gustavo Carbonieri pegou Ceni no contrapé. Para sorte do goleiro, Paulo Miranda se atirou no momento exato de, com o bico da chuteira direita, impedir o gol em cima da linha. Antes do intervalo, o time interiorano ainda pediu pênalti em cima de Nunes.
Preocupado com a marcação falha, Muricy voltou para o segundo tempo com Denilson no lugar de Maicon, que, além de errar muitos passes, já tinha cartão amarelo. A substituição não fez efeito. Aos dois minutos, um cruzamento rasteiro e perigoso pela esquerda parou na defesa. Dois minutos depois, o volante Geandro arriscou da intermediária, Nunes desviou de cabeça no meio do trajeto e quase surpreendeu Ceni. Na jogada seguinte, Ceni soltou a bola após cruzamento vindo da direita e assustou a torcida, apesar da reclamação de falta.
Ceni voltou a sair estranhamente da meta aos 18 minutos, quando perdeu o tempo da bola e se esticou todo para desviar com a ponta da mão para escanteio. Na cobrança, um leve desvio de Gustavo Carboneri junto à primeira trave colocou a bola para dentro e o Bragantino em vantagem no marcador. Sete minutos depois, em outra cobrança fechada pelo lado esquerdo, Sandro por pouco (pelo travessão, mais precisamente) não fez um gol olímpico.
Mas o terceiro gol do Bragantino, que estava se desenhando, não demorou muito mais para sair. Após mais um escanteio pela esquerda, aos 29 minutos, Ceni deixou a meta e socou a bola para o meio da área, onde estava Guilherme Mattis. O zagueiro pegou o rebote de primeira e estufou a rede são-paulina. Um gol que pôs fim a qualquer chance de evitar a eliminação, já que o São Paulo precisaria balançar a rede mais duas vezes. Faltou energia, sobraram vaias.
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