O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era mesmo o "chefe" da quadrilha do Mensalão. A confirmação é do publicitário Marcos Valério Fernandes de Souza, réu da Ação Penal 470 no Supremo Tribunal Federal, que já está condenado a pegar prisão em regime fechado. Vendo que vai mesmo puxar cana, Valério reclamou em conversas "com pessoas próximas" reproduzidas pela revista Veja: "Não podem condenar apenas os mequetrefes. Só não sobrou para o Lula porque eu, o Delúbio e o Zé não falamos".
Valério teria ameaçado: "O PT me fez de escudo, me usou como boy de luxo. Mas agora vai todo mundo para o ralo". Se Valério realmente falar em público o que a Veja informa que ele fala privadamente, o chefão Lula terá sua endeusada imagem seriamente demonizada. Além disso, como não tem mais imunidade nem foro privilegiado, basta que Valério aceite abrir o bico na Justiça para que o Procurador-Geral da República mande abrir um processo contra Lula. Será que Roberto Gurgel terá coragem agora, diante dos fatos novos que podem surgir com a língua ferina de Valério?
Reportagem da Veja, assinada por Policarpo Júnior (editor que o PT tentou implicar na cachoeira de corrupção esfriada pela maioria governista na CPI do Congresso), informa que Marcos Valério teme ser assassinado se falar tudo o que sabe sobre o Mensalão. Segundo a Veja, na versão de Valério, Lula teria se empenhado pessoalmente na coleta de dinheiro para a engrenagem clandestina, cujos contribuintes tinham algum interesse no governo federal. Tudo corria por fora, sem registros formais, sem deixar nenhum rastro.
Valério confidenciou que o caixa do PT foi de 350 milhões de reais, com dinheiro de outras empresas que nada tinham a ver com a SMP&B nem com a DNA (suas agências de publicidade). A acusação do Ministério Público Federal sustenta que o mensalão foi abastecido com 55 milhões de reais tomados por empréstimo por Marcos Valério junto aos bancos Rural e BMG, que se somaram a 74 milhões desviados da Visanet, fundo abastecido com dinheiro público e controlado pelo Banco do Brasil. Valério contou que os empréstimos bancários fraudulentos para o PT ocorreram com o aval de Lula e Dirceu.
Valério contou que se encontrou com Lula diversas vezes no Palácio do Planalto: “Do Zé ao Lula era só descer a escada. Isso se faz sem marcar. Ele dizia vamos lá embaixo, vamos”. O Zé é o ex-ministro José Dirceu, cujo gabinete ficava no 4º andar do Palácio do Planalto, um andar acima do gabinete presidencial. Valério também comprometeu outro amigo pessoal de Lula: “Eu não falo com todo mundo no PT. O meu contato com o PT era o Paulo Okamotto”. Segundo Valério, na véspera de seu primeiro depoimento à CPI que investigava o mensalão, Okamoto o procurou. “A conversa foi na casa de uma funcionária minha. Era para dizer o que eu não devia falar na CPI”, relembra. O pedido era óbvio. Okamotto queria evitar que Valério implicasse Lula no escândalo. Deu certo durante muito tempo. Em troca do silêncio de Valério, o PT, por intermédio de Okamotto, prometia dinheiro e proteção. A relação se tornaria duradoura, mas nunca foi pacífica. Em momentos de dificuldade, Okamotto era sempre procurado.
Valério soltou outra bomba, jurando que nunca recebeu nada do PT. Confirmou que recebeu de Okamoto e do PT uma promessa em torno de um esforço que o partido faria para retardar o julgamento do mensalão no Supremo e, em último caso, tentar amenizar a sua pena. Palavras de Valério na Veja: “Prometeram não exatamente absolver, mas diziam: ‘Vamos segurar, vamos isso, vamos aquilo’… Amenizar”.
Se Valério agora resolver falar à justiça o que deixou vazar na Veja, como clara vingança pessoal, um novo processo do Mensalão terá de ser mesmo aberto. Agora, para pegar o chefe de verdade de todos os esquemas. A autofagia começou... Se Lula fará parte do banquete infernal, vai depender apenas de Valério e de uma denúncia formal a ser feita pelo Procurador Geral da República ou por qualquer procurador federal. Afinal, Lula não é mais nada para ter direito a foro privilegiado. Apenas ex-Presidente...
Nenhum comentário:
Postar um comentário