Do G1, GO
O superintente da Polícia Judiciária da Polícia Civil de Goiás, delegado Deusny Aparecido, negou, na manhã desta terça-feira (5), as informações vinculadas em mensagens postadas em redes sociais de que um homem teria sido preso apontado como o suposto “serial killer” de mulheres em Goiânia.
“Lamentavelmente nas últimas 24 horas foi uma avalanche de falsas informações, de falsas denúncias e isso tem prejudicado de sobremaneira o trabalho da Polícia Civil e em último caso prejudicado a sociedade goiana”, afirma.
As mensagens começaram a se espalhar na segunda-feira (4). As mensagens também falam na morte de mulheres em diversos pontos da cidade, como a Avenida T-63 e o Setor Cidade Jardim, mas nenhum dos crimes foi confirmado pela Polícia Civil, Polícia Militar e Instituto Médico Legal (IML).
“Essa notícia não procede, assim como as várias mortes ocorridas na capital, em vários locais na data de ontem, nenhuma procede. Nós não tivemos mais nenhum caso”, acrescenta Deusny Aparecido.
Homicídios
Desde maio, quando surgiu a informação de que existe um “serial killer” na capital, a Polícia Civil tratava o caso como um boato. No último domingo (3), a corporação voltou a afirmar que não crê na possibilidade de que um assassino em série esteja agindo em Goiânia, mas não descartou a hipótese.
“Nós temos a convicção de que não é uma única pessoa [a matar as vítimas], mas também não podemos excluir a possibilidade se não pudemos comprovar isso ainda”, afirmou ao G1 o delegado Murilo Polati, titular da Delegacia Estadual de Investigação de Homicídios (DIH).
Segundo informações da Polícia Civil, 12 crimes contra jovens mulheres tiveram dinâmica semelhante: o suspeito chega de moto, saca a arma, dispara contra a vítima e foge sem levar nada. Porém, de acordo com Polati, as investigações apontam que as motocicletas usadas são de marcas e cilindradas diferentes, além das descrições físicas dos suspeitos não serem as mesmas.
Ponto de ônibus
No último homicídio com essas características confirmado pela polícia, a estudante Ana Lídia Gomes, 14 anos, assassinada em um ponto de ônibus na capital, no último sábado (2).
A garota morreu após ser baleada no Setor Conjunto Morada Nova. Segundo a investigação, ela estava em um ponto de ônibus para se encontrar com a mãe, quando um homem passou pelo local em uma moto escura e efetuou três disparos na direção da vítima. Dois dos tiros atingiram o peito da menina, que morreu na hora. O suspeito fugiu logo após o crime.
A família da jovem afirma acreditar que a adolescente foi mais uma das vítimas de um suposto assassino em série que estaria assustado a população de Goiânia.
Segundo a polícia, nenhum pertence foi levado da vítima e os parentes afirmam que ela não tinha nenhuma inimizade ou envolvimento com drogas. “A gente se pergunta: por que ela? Nós não entendemos o porquê”, lamenta a avó de criação da menina, Ivone de Sousa, de 54 anos.
Investigação
Delegados, agentes e escrivães foram convocados a trabalhar em uma força-tarefa para investigar os casos. Segundo a Polícia Civil, 15 delegados já começaram a trabalhar nos inquéritos.
Ao todo, segundo a polícia, 40 casos de homicídios contra mulheres foram registrados em Goiânia neste ano, totalizando 45 vítimas. Destes, 11 inquéritos foram solucionados até o momento.Este total inclui casos em que os autores estavam em motocicletas pretas e outros com dinâmicas de crimes diferentes.
De acordo com Polati, dois casos já possuem mandado de prisão em aberto contra os suspeitos, que estão foragidos. O delegado explica que algumas das investigações indicam crimes passionais e outras apontam envolvimento das vítimas com consumo e tráfico de drogas, mas também não dá detalhes para não comprometer os inquéritos.
“Nós não descartamos também que autores venham utilizando esse modo de agir inclusive para desviar a investigação. Dessa forma, seja por crime passional ou envolvimento com tráfico esse crime vai recair para o suposto maníaco”, diz.
Gravação
A suspeita de que um assassinos em série estaria agindo em Goiânia surgiu no fim do mês de maio, após uma mensagem de voz compartilhada pelo aplicativo de celular WhatsApp. Nela, uma pessoa não identificada diz que um homem já havia matado 12 mulheres na capital. No entanto, a polícia tratou o caso desde o início como boato.
A mensagem informa que o “serial killer tem uma motocicleta preta e um capacete preto” e que age, principalmente, nos setores Jardim América, Sudoeste e Nova Suíça. Além do áudio, também é compartilhada o retrato falado do suposto assassino. A imagem realmente foi elaborada pela DIH e retrata o suspeito de executar a assessora parlamentar Ana Maria Victor Duarte, de 26 anos, na porta de uma lanchonete do Setor Bela Vista, no dia 14 de março.
O jovem que aparece na imagem é o consultor de vendas Rafael Siqueira Aleixo, de 27 anos. Ele afirmou que teve que mudar sua rotina a aparência por causa da comparação. Com medo de ser morto por justiceiros, ele procurou a Polícia Civil para denunciar a divulgação da mensagem que utiliza sua foto como sendo a do criminoso. “Não é brincadeira ser acusado de algo tão sério, nunca fiz mal a ninguém. Minha família e meus amigos estão muito preocupados. Tenho medo de morrer”, relatou o jovem em entrevista aoG1.
A montagem com a foto do perfil do Facebook de Rafael e com o retrato falado do suposto serial killer. Ele soube por meio de amigos que sua imagem estava sendo compartilhada, de forma indevida, nas redes sociais há três semanas.
Para evitar ser reconhecido, o consultor de vendas passou a cortar o cabelo muito mais baixo do que o usual e a usar óculos constantemente, pois ele está sem o acessório na fotografia. Rafael também deixou de ter vida social.
“Meu pai me leva e me busca no trabalho, sendo que antes eu ia de ônibus. Só vou trabalhar e volto para casa. Tive que abdicar de sair para não ter problema, saia muito antes”, lamenta o jovem.
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